“Espero que os partidos não criem situações de impasse ou de fraqueza”

No dia em que completa um ano sobre a sua eleição, o Presidente da República considera que tanto o Governo como a oposição têm “força” suficiente, tanto para governar como para ser alternativa.

Foto
Marcelo diz que a oposição tem força para ser alternativa LUSA/JOÃO RELVAS

O Presidente da República mostrou-se esta terça-feira satisfeito com a estabilidade política em Portugal, não só porque o Governo tem condições para governar, mas também porque considera que a oposição tem força suficiente para ser governo.

Na apresentação do livro Um ano depois, uma obra com as imagens e as principais intervenções quer da campanha eleitoral, quer do tempo já cumprido do mandato presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a insistir que é “função do Presidente proporcionar todas as condições ao governo, qualquer governo, para que possa governar”.

“Enquanto durar o mandato presidencial, é isso que o Presidente tem de fazer”, afirmou, sublinhando que isso acontecerá “seja qual for a área de origem ou as simpatias pessoais”. E insistiu que é tão importante que o Governo tenha força como “que a oposição tenha força para ser alternativa ao governo”.

Questionado pelo PÚBLICO sobre se considera que a actual oposição tem hoje essa força, Marcelo respondeu afirmativamente, mas colocando o Governo à frente: “Não vejo razão nenhuma para que o governo não tenha força para continuar nem que a oposição não tenha força para ser governo”.

E acrescentou um desejo: “Espero que os partidos não me contradigam criando situações de impasse ou fraqueza que hoje não existem”.

Antes, já tinha recordado que durante os últimos meses inaugurou “uma prática de contactos periódicos, senão permanentes, com os responsáveis políticos e os parceiros sociais”, sublinhando que “o Presidente não pode ter antipatias e simpatias” com nenhum.

Afirmou também estar convencido de que não fez, no último ano, nenhuma intervenção “que fizesse vacilar ou o governo ou a oposição”. “Não fiz nenhum sinal amarelo nem me substitui em nenhum momento a um governo fraco demais ou a uma oposição fraca demais”, disse.

Marcelo afirmou ainda que se considerou, de facto, muito interventivo em termos de proximidade com as pessoas e em termos de uso da palavra e disse que vai continuar a ser assim. Fá-lo, justificou, porque às vezes “é preciso dar um esclarecimento ou tentar contribuir para resolver um problema”.

Outra coisa, distinguiu, seria “pisar as competências constitucionais” e isso, garante, nunca fez: “Sou muito cuidadoso”, até por ser professor de Direito Constitucional e ter participado tanto na elaboração como nas revisões da lei fundamental.

Para 2017, definiu como lema “fazer mais e melhor”, sobretudo em termos de crescimento económico: “Precisamos de bastante mais exportações, mais investimento, mais poupança, levar mais longe a consolidação do sistema bancário. Precisamos de mais para encarar com muito mais optimismo o futuro” num ano que disse ser “muito importante e exigente”.

O livro foi lançado apenas na presença de jornalistas na antiga sede de campanha e estará nas bancas a partir de quarta-feira. Durante esta cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que decidiu doar os 45 mil euros que sobraram da sua campanha a uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) de Cinfães, "um município com uma situação muito carenciada em termos económicos", e a uma escola de Mogadouro, "que, pelos 'rankings', foi colocada em lugar mais baixo".

A IPSS é a Associação de Solidariedade Social e Recreativa de Nespereira, de Cinfães, no distrito de Viseu, que receberá 20 mil euros "para aquisição de uma carrinha de apoio domiciliário", enquanto a Escola Básica e Secundária do Mogadouro, no distrito de Bragança, receberá 25 mil euros, "para a instalação de um laboratório de ciências físicas e químicos", adiantou.

Antes, o chefe de Estado convidou para almoçar em Belém os seus adversários nas eleições do ano passado. À noite, jantaria com os seus mandatários e o staff da campanha eleitoral.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários