Europeus vão "acordar em 2017", promete Marine Le Pen

Reunião de partidos de extrema-direita em Koblenz prepara estratégia eleitoral para o ano que se segue ao "Brexit" e à eleição de Donald Trump.

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Uma "selfie" da extrema-direita europeia Wolfgang Rattay/REUTERS

Marine Le Pen, a líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, e que está à frente nas intenções de voto dos franceses para as eleições presidenciais de Abril, pediu aos eleitores europeus que “acordem” em 2017 e sigam o exemplo dos britânicos e norte-americanos – uns votaram pela saída da União Europeia, os outros elegeram Donald Trump Presidente.

O referendo sobre o “Brexit” foi o início de “um efeito de dominó”, assegurou Le Pen, numa reunião em Koblenz, na Alemanha, do grupo Europa das Nações e Liberdade do Parlamento Europeu, num ano em que vários partidos de extrema-direita da UE esperam ter bons resultados eleitorais. “Em 2016, o mundo anglo-saxónico acordou. Tenho a certeza de que em 2017, o povo da Europa continental também vai despertar”, declarou a líder francesa, para uma plateia que rompeu em aplausos.

Na rua, havia protestos, nos quais participou o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, líder do Partido Social Democrata.

Em França, as sondagens dão a Le Pen cerca de 26% na primeira volta das presidenciais – o que é praticamente um bilhete de passagem para a segunda. O que se discute é quem disputará a final das eleições com ela.

Le Pen lidera um partido eurocéptico, anti-imigração e anti-islão, que vibrou com a chegada ao poder de Donald Trump. Tem uma retórica nacionalista, de fechamento de fronteiras e anti-globalização, em que a “prioridade nacionalidade” equivale ao mais directo “América primeiro” de Trump. Considera que a eleição do milionário para a Casa Branca foi um trunfo para as eleições que ela própria disputa em França.

Os líderes da extrema-direita que fazem parte do grupo de Le Pen, entre os quais se incluem a Alternativa para a Alemanha (AfD) e o Partido da Liberdade, de Geert Wilders – que poderá ganhar as legislativas holandesas de 15 de Março, embora dificilmente formar governo –, reuniram-se em Koblenz com o objectivo de reforçar os laços entre eles.

As tendências nacionalistas têm dificultado os contactos, sublinha a Reuters, mas também os interesses de cada partido. A AfD, por exemplo, embora se radicalize cada vez mais, e tenha um discurso claramente xenófobo e anti-imigração, hesita em associar-se à Frente Nacional, pois os alemães não são eurocépticos e não pensam em sair da União Europeia. Já Le Pen promete tirar a França do euro e da UE, e pôr em prática uma política económica proteccionista.

Christian Strache, o líder do FPÖ austríaco, não está na reunião porque foi a Washington, na altura da tomada de posse de Trump, “estabelecer contactos com legisladores norte-americanos”. 

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