Sector imobiliário pede ao Governo que recupere os investidores chineses

A associação dos mediadores quer que o executivo agilize os vistos gold. Mercado imobiliário deverá crescer 30% este ano à boleia do turismo.

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Brasileiros e franceses têm ajudado a compensar a quebra do investimento francês Fernando Veludo/Nfactos

O Governo tem que agilizar os processos de vistos gold sob o risco do país ficar sem investimento, sobretudo chinês, alerta o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Luís Lima.

"Espero que no espaço de um mês o Governo português tome uma decisão sobre esta questão, porque precisamos deste investimento como de pão para a boca até porque o investimento chinês atinge proporções mais elevadas", afirmou o dirigente da APEMIP.

O "Governo tem de exigir responsabilidades" sobre processos que não avançam, defendeu o dirigente em entrevista à Lusa, referindo que desde o "célebre escândalo, muita gente foge" por recear más interpretações.

O processo dos vistos gold, cujo julgamento, em que é arguido o ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo, arranca a 13 de Fevereiro, depois de ter estado inicialmente marcado para 10 de Janeiro.

Esta investigação está relacionada com a aquisição de vistos por cidadãos estrangeiros interessados em investir e residir em Portugal, estando em causa indícios de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato de uso, abuso de poder e tráfico de influência.

"Já não chegam só palavras, o Governo tem de agir", disse o líder da APEMIP, resumindo ser "essencial e imprescindível recuperar os investidores chineses".

Luís Lima recordou que em Setembro chamou atenção para a questão da diminuição das autorizações de residência para a actividade de investimento (ARI) a cidadãos chineses e considerou que a situação "não foi mais terrível", porque foi atenuada por investimento brasileiro e francês.

"Os maiores investidores mundiais em imobiliário são chineses", notou Luís Lima, que admite deixar a China de fora das suas deslocações profissionais por achar que "pode não ter condições para vender o país".

Turismo ajuda sector

Apesar das preocupações com os visto gold, Luís Lima, antecipa um crescimento de 30% no mercado imobiliário para 2017, à boleia de um bom ano no turismo.

"Prevejo [um crescimento de] 30%. Se o Estado não fizer asneiras, se deixar o mercado funcionar, vamos crescer, porque Portugal está com um potencial enorme. Vai ser um bom ano para o turismo, pelo que vai ser bom para nós", indicou Luís Lima, recordando que o turista em Portugal "gosta de se fidelizar e adquire imobiliário".

"O imobiliário ajuda o turismo porque mantém o turista mais tempo", defendeu.

O responsável admitiu a abertura de novas imobiliárias e espera que o sector cresça sobretudo com empresas licenciadas. "À medida que há recuperação económica, um grupo de empresas pequeninas cresce muito facilmente; quando há uma crise económica também desaparecem muito facilmente", disse Luís Lima, antecipando que algumas ruas no Algarve se voltem a encher de mediadores.

Acerca do alojamento local, Luís Lima considera que ajudou à reabilitação das cidades e, se houve casas a migrarem para os arrendamentos de curta duração, é porque "não houve trabalho de casa na criação de incentivos fiscais para tornar o arrendamento tradicional mais compensador".

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