Ordem dos Enfermeiros contesta inspectora-geral das actividades em saúde

Enfermeiros não aceitam o tom que Leonor Furtado usou na entrevista concedida ao PÚBLICO.

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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros disse que há doentes sem comida nos hospitais Enric Vives-Rubio

A Ordem dos Enfermeiros (OE) reafirmou nesta quinta-feira que irá enviar para a Procuradoria-Geral da República o processo relativo à alegada existência de doentes no Hospital dos Capuchos que terão estado dois dias sem comer e sem medicação. A denúncia foi feita em Dezembro pela bastonária dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, e contestada nesta quinta-feira, em entrevista ao PÚBLICO, pela inspectora-geral das actividades em saúde, Leonor Furtado.

Na entrevista, esta responsável assegura que foi realizada uma inspecção nos Capuchos e que “não resultou comprovada” nenhuma das afirmações feitas pela bastonária da OE. Num comunicado enviado nesta quinta-feira à comunicação social, a OE informa que o projecto de relatório da inspecção sobre o caso “não é satisfatório” e que, por isso, “seguirá para a Procuradoria-Geral da República, juntamente com a denúncia escrita e outros meios de provas recolhidos”. 

Na mesma nota, e a propósito do mesmo caso, a OE refere que o projecto da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) foi elaborado sem que tenha sido solicitada a denúncia por escrito feita à OE sobre o caso e “sem ouvir todos os profissionais do serviço em causa”.   

A Ordem escreve também que “não admite que a senhora inspectora-geral da IGAS ponha em causa a ‘ética profissional’ dos enfermeiros, nem aceita o tom com que o faz na entrevista ao jornal PÚBLICO”. Ainda a propósito do caso dos Capuchos, Leonor Furtado disse o seguinte: “Há aqui também uma questão de ética profissional: então as senhoras enfermeiras verificaram uma questão daquelas e não participaram aos seus superiores hierárquicos? Quem é o enfermeiro que está num serviço e que verifica que não tem medicação para dar aos seus doentes e segue feliz e contente?”.

“Perplexidade” é também como a OE reage à afirmação de Leonor Furtado que, na mesma entrevista, a propósito do caso Octapharma, uma empresa que teve o monopólio da venda de plasma ao Estado, disse o seguinte: “Nos sectores com muito dinheiro – e não só na saúde – é normal que exista grande concorrência, grande tráfico de influências para se ganhar um contrato.”

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