Avalanche engoliu hotel e tornou mais sombrio o balanço dos sismos em Itália

Cerca de 30 hóspedes e funcionários estavam reunidos no hall para deixarem o local mas não escaparam a tempo. Socorristas só resgataram dois sobreviventes. Mau tempo e abalos "deixaram o Centro de Itália de joelhos", escreve agência Ansa.

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Numa questão de minutos, o Hotel Rigopiano, um paraíso de tranquilidade nas montanhas do Gran Sasso, na região italiana de Abruzzo, transformou-se numa terrível ratoeira para as três dezenas de pessoas – pelo menos oito funcionários e 22 hóspedes – que esperavam a chegada de um limpa-neves para poderem sair dali. Horas antes, a região central de Itália tinha sido abalada por quatro sismos e o maior nevão dos últimos 50 anos na zona aconselhava a partida – não foram a tempo e a enorme avalanche que se desprendeu da montanha engoliu o hotel, arrastou carros e árvores por centenas de metros.

Ao final da tarde desta quinta-feira, quase 24 horas depois da avalanche, as equipas de socorro tinham resgatado dois sobreviventes e retirado três corpos, tendo localizado um quarto. Mas as perspectivas de encontrar mais pessoas com vida não eram animadoras: “O hotel está completamente destruído. Chamamos em voz alta mas ninguém responde, não se ouve ninguém”, contou por telefone à Reuters Antonio Crocetta, responsável das equipas de resgate alpino que, ao início da manhã, conseguiram entrar no Rigopiano, um edifício de três andares que ficou soterrado até ao telhado sob toneladas de neve, árvores arrancadas e detritos. Parte do edifício desabou e, segundo Antonio di Marco, presidente da província de Pescara, a força da avalanche empurrou-se dez metros pela encosta.

A ajuda demorou horas a chegar, muito por causa da tempestade de neve e vento que há vários dias fustiga as regiões montanhosas do Centro de Itália, deixando inúmeras estradas intransitáveis, isolando povoações inteiras e derrubando postes de distribuição de energia – segundo a agência Ansa, 98 mil pessoas estavam nesta quinta-feira sem electricidade só na região de Abruzzo e outras 14 mil em Marche.

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O hotel, antes de ser atingido pela avalanche DR

Os abalos de quarta-feira e as sucessivas dezenas de réplicas agravaram esta situação de emergência. “O mau tempo e os sismos deixaram o Centro de Itália de joelhos”, escreveu a agência de notícias Ansa, revelando que durante a manhã nove pessoas, incluindo um bebé de meses, foram resgatadas em aldeias da província de Teramo (Abruzzo), já em estado de hipotermia.

Terão sido os sismos a desprender a neve de uma das encostas do Gran Sasso, um maciço entre os montes Apeninos e o mar Adriático, que inclui as montanhas mais altas de Itália a sul dos Alpes. A protecção civil tinha alertado para o risco de avalanche. Por isso o hotel estava a ser evacuado quando aconteceu a tragédia, contou Giampiero Parete, um dos sobreviventes.

Quintino Marcella, para quem Parete telefonou, pedindo ajuda, explicou ao jornal La Republicca o que se terá passado: “Giampiero e todos os outros hóspedes tinham pago e estavam reunidos no átrio, prontos para partir assim que chegasse o limpa-neves”. “Tinham dito que chegava às 15h, mas a chegada foi adiada para as 19h. Já tinham preparado as malas, todos os clientes queriam ir-se embora", acrescentou, citado pelo Corriere della Sera.

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“Salvei-me porque fui buscar uma coisa ao carro”, contou Parete aos médicos que o assistiram durante a madrugada. Foi buscar medicamentos para a dor de cabeça da mulher, que estava com ele e os dois filhos do casal no pequeno hotel. Nenhum deles foi ainda localizado. Quando Parete ouviu o ruído e a montanha desfazer-se, refugiou-se dentro do carro. A neve soterrou o veículo, mas ele conseguiu libertar-se e encontrou Fabio Salzetta, o outro sobrevivente, escreve a RAI.  

Os primeiros socorristas só conseguiram chegar ao local de madrugada. Com as estradas bloqueadas, tiveram de percorrer “alguns quilómetros” de esquis e foi preciso esperar pela manhã, para que chegassem helicópteros com reforços. A procuradoria da região de Pescara abriu entretanto um inquérito por homicídio involuntário.

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