Trump admite levantar sanções à Rússia se Moscovo “ajudar” os EUA

Penalizações foram decididas por Obama em Dezembro na sequência dos alegados ciber-ataques na campanha eleitoral. Trump quer ajuda no combate ao terrorismo.

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Reuters/SHANNON STAPLETON

Numa entrevista ao The Wall Street Journal, o Presidente eleito dos Estados Unidos admitiu levantar as sanções contra a Rússia dentro de algum tempo se Moscovo ajudar a combater o Daesh, e disse que não vai comprometer-se com a política de “uma China única” até ver progressos de Pequim nas políticas cambiais e de comércio.

“Se nos damos bem e se a Rússia está realmente a ajudar-nos… Por que há-de alguém ter sanções se estiver de facto a fazer coisas boas?”, diz Donald Trump num excerto da entrevista disponibilizado pelo jornal. O Presidente eleito sugere que pondera levantar as sanções se Moscovo ajudar os Estados Unidos a combater o terrorismo e em outras questões que a sua administração considerar importantes, mas sem ser muito específico.

Isso mesmo será dito a Vladimir Putin, com quem Donald Trump espera encontrar-se pouco depois da tomada de posse, no dia 20. “Sei que [Putin] quer encontrar-se comigo, e por mim está tudo bem”, disse Trump.

Questionado sobre se concorda com a filosofia de “uma China única” defendida por Pequim e que sustentou as relações entre os EUA e China nas últimas décadas, Trump disse que “está tudo em negociação”, incluindo essa filosofia. Em Dezembro, a Presidente de Taiwan, que a China continua a considerar uma província sua, telefonou a Trump para o felicitar, gesto que irritou Pequim que fez saber, através de um dos seus jornais oficiais que considera o Presidente eleito como uma “criança ignorante”.

Ao The Wall Street Journal, Trump mantém que a China manipula artificialmente a sua moeda para concorrer de forma desleal com o dólar e beneficiar as suas exportações. “As nossas empresas não podem competir com as deles porque a nossa moeda é forte e isso está a matar-nos”, comenta Trump. Apesar de durante a campanha eleitoral ter prometido que iria declarar oficialmente a China como um país "manipulador de moeda", o Presidente eleito diz agora que não está "ansioso" para dar esse passo no seu primeiro dia na Casa Branca e que vai "conversar com eles primeiro".

Entretanto, a Reuters noticia que o conselheiro para a segurança nacional escolhido por Trump, Michael Flynn, fez cinco telefonemas para o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, no mesmo dia em que Barack Obama anunciou novas sanções à Rússia e anunciou a expulsão de 35 diplomatas na sequência dos alegados ataques informáticos durante a campanha eleitoral para a Casa Branca para favorecer Trump e derrotar a democrata Hillary Clinton.

De acordo com a agência, que diz ter três fontes ligadas ao processo a confirmar a história, os telefonemas ocorreram entre o momento em que a embaixada russa foi informada da decisão de Obama, a 29 de Dezembro, e a resposta de Vladimir Putin, no dia seguinte, que disse que não iria, por seu lado, expulsar 35 diplomatas americanos de solo russo, como o aconselhou o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, e esperaria pela nova administração Trump.

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