Santa Comba pede mais tempo para avaliar espólio de Salazar

Sobrinho-neto exigiu em tribunal que a câmara devolvesse os bens ou lhe pagasse 324 mil euros.

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Rui Salazar, sobrinho-neto de Antonio Oliveira Salazar ADRIANO MIRANDA

A poucos dias de acabar o prazo para definir o valor do espólio de António de Oliveira Salazar, doado há anos ao município de Santa Comba Dão, o presidente da câmara concluiu que não vai conseguir cumprir a tarefa dentro dos 60 dias estipulados e vai pedir mais tempo ao Tribunal de Viseu.

“O levantamento dos bens doados pelo sobrinho-neto de Salazar está a ser feito, mas o trabalho é mais moroso do que estávamos à espera”, disse ao PÚBLICO Leonel Gouveia, presidente da Câmara de Santa Comba Dão. “Vamos pedir uma prorrogação do prazo.”

Ninguém sabe exactamente o que está dentro das dezenas de caixas depositadas há mais de dez anos num edifício da câmara de Santa Comba Dão. Em Novembro, no Tribunal de Viseu, Rui Salazar de Lucena e Mello disse ter um inventário de 55 páginas com todos os bens doados. O herdeiro tem descrito o conteúdo das caixas como sendo muito valioso, por incluir documentos de Salazar, manuscritos e impressos, e objectos pessoais.

Em Novembro, Rui Salazar e Mello, que vive em Santa Comba Dão na casa que era do tio-avô, exigiu em tribunal que a câmara devolvesse os bens ou lhe pagasse 324 mil euros. Em alternativa, foi feito um pré-acordo que estipula que a câmara lhe vai pagar uma avença fixa. Durante anos, Rui Salazar e Mello propôs uma avença de 2000 euros mensais, mas recentemente baixou o valor para metade. É justamente esse valor que a câmara de Santa Comba Dão tem de definir, por ordem do Tribunal de Viseu.

O processo de análise e catalogação está a ser feito por uma técnica de arquivo da câmara. Rui Salazar e Mello doou ao município cerca de 40 caixas. O arquivo de Oliveira Salazar na Torre do Tombo, em Lisboa, tem 1177 caixas e 435 mil documentos.

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