Costa entre a história e as fábricas de fibra óptica no último dia em Goa

A manhã do último dia de visita de António Costa à Índia começou com uma deslocação a duas fábricas de um dos maiores grupos industriais indianos, o Birla, que tem uma parceria de investimento com o grupo Visabeira.

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O primeiro-ministro fez um breve discurso em que destacou a qualidade única da cultura goesa como síntese das tradições religiosa muçulmana, cristã e hindu LUSA/TIAGO PETINGA

O primeiro-ministro dedicou, esta quinta-feira, o seu último dia em Goa à história, defendendo que é preciso tirar partido de 500 anos de percurso comum, numa jornada em que também se inteirou de investimentos portugueses na fibra óptica.

Neste último dia de um total de seis de visita de Estado à Índia, António Costa teve o momento mais solene do seu programa na delegação da Fundação do Oriente em Pangim, capital do Estado de Goa, ocasião em que entregou a título póstumo a medalha de mérito cultural ao historiador, professor universitário e escritor Paulo Varela Gomes.

O primeiro-ministro fez um breve discurso em que destacou a qualidade única da cultura goesa como síntese das tradições religiosa muçulmana, cristã e hindu, que "depois soube reinventar-se". "Paulo Varela Gomes deixou-nos uma nova visão da História dos portugueses no Oriente, em particular na Índia. Temos de tirar partido destes 500 anos de História em comum, pondo os olhos no futuro", sustentou.

Antes, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, discursou com alguma emoção sobre Paulo Varela Gomes, seu amigo. "Paulo Varela Gomes apreendeu esta realidade desconcertante que é a cultura goesa. Ensinou-nos que a crueldade da História colonial não nos deve fazer fechar os olhos, porque dessa crueldade nasce invariavelmente um novo legado. A realidade não é a preto e branco", frisou o ministro da Cultura.

Antes de partir em visita privada para Margão, terra do seu pai Orlando Costa, onde almoçou com a família, o líder do executivo português fez ainda uma breve visita ao Instituto Menezes de Bragança, local em que observou os painéis de azulejos alusivos aos Lusíadas, de Luís de Camões.

António Costa, que foi apelidado de "optimista irritante" pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou o dedo para indicar o Velho do Restelo no painel referente à partida da armada de Vasco da Gama para a Índia. Depois, virou-se para painel da série e gracejou: "Os optimistas têm direito à partida para a ilha dos Amores".

A manhã do último dia de visita de Estado de António Costa na Índia começou com uma deslocação a duas fábricas de um dos maiores grupos industriais indianos, o Birla, que tem uma parceria de investimento com o grupo Visabeira. Em Salcete, uma pequena cidade do Estado de Goa, António Costa começou por visitar demoradamente a fábrica de fibra óptica, seguindo depois, a pé, ao longo de cerca de duas centenas de metros, para a fábrica de cabos, onde simbolicamente plantou uma árvore.

Os indianos da Birla e os portugueses da Visabeira, que têm uma parceria desde 2015, estão agora a preparar-se para montar uma fábrica de cabos em Moçambique. No mercado indiano, de acordo com o vice-presidente da Visabeira João Castro, os dois grupos pretendem concorrer à expansão da rede de fibra óptica.

"A Índia regista um crescimento económico muito rápido e podemos trazer para cá as melhores práticas europeias de montagem de redes de fibra óptica. O potencial da nossa parceira é imenso, sobretudo porque a Índia da prioridade ao seu projecto de cidades digitais", referiu o vice-presidente da Visabeira.

A Visabeira está também presente no mercado da Índia por intermédio da Vista Alegre, com João Castro a referir que neste país "há uma grande apetência por objectos de luxo", quer porcelanas para restaurantes ou para casa.

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