Breivik afirma que está mais radical desde que foi preso

Numa sessão de recurso, o norueguês defende que o isolamento na prisão tem agravado o seu extremismo.

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Breivik recusou dizer se se arrependia do massacre de 2011 EPA/LISE AASERUD

O assassino de 37 anos Anders Breivik disse nesta quinta-feira que se sente cada vez mais “alienado” e mais radical no que toca às suas ideologias de extrema-direita desde que foi preso, em 2011. Breivik culpa as condições de isolamento a que está sujeito na prisão como causa do agravamento do seu extremismo.

Durante a audiência – parte da sessão de recurso pedida pelo estado norueguês em relação à decisão jurídica de 2015 de que as condições de confinamento de Breivik violavam os direitos humanos – o homicida norueguês não expressou quaisquer remorsos em relação aos crimes que cometeu em 2011. Quando o procurador-geral da Noruega, Frederik Sejersted, o pressionou a responder “sim” ou “não” sobre se se arrependia do massacre de 2011, Breivik recusou-se a responder.

“Nos últimos cinco anos, estive completamente isolado e não fui corrigido uma única vez. Estive numa cela 23 horas por dia durante quase 6 anos”, diz Breivik, afirmando que se tornou muito mais radical como consequência das condições em que se encontra encarcerado. Breivik acrescentou ainda que estava chocado com muitas das coisas que tinha escrito.

Sejersted declarou que o tribunal deveria apurar se Breivik se arrependia realmente do seu extremismo neonazi ou se o seu arrependimento era fingido para que pudesse dispor de maior liberdade dentro da prisão. Em declarações à Reuters, Frederik Sejersted referiu que Breivik “está a dizer o que é mais lógico nestas circunstâncias”.

Nesta quarta-feira, o procurador-geral norueguês concordou com o facto de Breivik estar mais radical desde que está preso, razão pela qual defende o seu isolamento por motivos de segurança. Para Sejersted, é peremptório manter o prisioneiro isolado dos outros reclusos, pois ainda o considera perigoso por querer disseminar a sua ideologia neonazi.

Apesar do número crescente de cartas com conteúdo radical escritas por Breivik (todas revistas pelas autoridades) e de ter feito a saudação nazi no início de uma das sessões jurídicas, o norueguês de 37 anos disse aos juízes que, desde 2012, já não era militante e que o seu compromisso está, agora, relacionado com meios pacíficos.

Em 2015, o Tribunal de Oslo declarara que Breivik era mantido num “mundo fechado” durante 22 a 23 horas por dia, sendo dispensado da sua cela apenas para fazer exercício no pátio da prisão. Por razões de segurança, a sessão de recurso está a decorrer, de 10 a 18 de Janeiro, no pavilhão da prisão de Skien, onde Breivik está preso.

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