Benfica é o segundo maior devedor numa Europa de "superclubes"

Relatório da UEFA alerta para um restrito grupo de emblemas que continua a enriquecer muito mais do que todos os restantes.

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guilherme marques

Ao mesmo tempo que o futebol do Benfica vive o seu período mais dourado do passado recente, as contas do clube também se destacam, mas por motivos menos positivos. Em 2015, a dívida dos “encarnados” era a segunda mais elevada da Europa, ascendendo aos 336 milhões de euros, segundo um relatório divulgado nesta quinta-feira pela UEFA. Já o Sporting e FC Porto estão entre os 20 emblemas europeus com mais lucros no ano em análise, com os “dragões” a destacarem-se também ao nível do volume de receitas. Mas a principal conclusão do estudo é a de que o grupo restrito dos “superclubes” do velho continente está cada vez mais rico e vai alargando o fosso em relação aos restantes.

Apenas o Manchester United deve mais do que o Benfica (536 milhões de euros) na Europa do futebol, segundo dados do relatório financeiro da UEFA (The European Club Footballing Landscape). A dívida dos lisboetas aumentou 3%, em relação a 2014, correspondendo a 130% dos seus activos e 330% das receitas. Uma situação que a torna mais dramática do que a do “líder” United, já que o valor da dívida do clube inglês representa apenas 80% do total dos activos. O Inter de Milão encerra este indesejável pódio, com uma dívida de 306 milhões de euros.

Mais positivos são os dados referentes ao Sporting e FC Porto, que são os únicos clubes nacionais a integrar o top-20 europeu referente aos lucros obtidos em 2015. Com o 13.º lugar de um ranking liderado pelos ingleses do Liverpool (75 milhões de euros), os “leões” apresentaram proveitos de 24 milhões de euros, surgindo os “dragões” no 17.º posto, com um resultado líquido de 20 milhões de euros.

O FC Porto destaca-se ainda ao nível das receitas com transferências de jogadores, surgindo no terceiro lugar, com 100 milhões de euros, em 2015. Os “dragões” são apenas superados pelo Real Madrid (111 milhões) e Liverpool (104). Já o Benfica ocupa a sexta posição, com 89 milhões de euros. E ao nível das receitas da UEFA, o clube dirigido por Pinto da Costa é o único nacional a constar no top-20, com 36 milhões de euros arrecadados, ocupando a 11.ª posição.

Na frente da tabela está a Juventus, finalista vencida na edição de 2014-15 da Liga dos Campeões, com astronómicos 92 milhões de euros entre prémios e receitas televisivas na competição milionária. No segundo posto está o Barcelona, vencedor do troféu nessa temporada, com 59 milhões de euros, mais cinco do que o Real Madrid, que encerra o pódio.

“Grandes” cada vez maiores

Mas uma das principais conclusões retiradas do relatório da UEFA demonstra que o restrito grupo de nove “superclubes” europeus — que inclui os ingleses Arsenal, Chelsea, Manchester United, Manchester City e Liverpool, os espanhóis Real Madrid e Barcelona, o alemão Bayern Munique e o francês Paris Saint-Germain — continuam a enriquecer muito além da restante concorrência. Mais do que tradicionais clubes, são marcas globais, com receitas proporcionais. São igualmente os clubes com as maiores massas salariais, ultrapassando em todos os casos os 200 milhões de euros anuais e culminando com o recorde de 340 milhões do Barcelona.

“A globalização aumentou as oportunidades e trouxe com ela novos desafios. As receitas estão a crescer, mas estão muito concentradas no topo [os “superclubes”] (em particular ao nível das receitas televisivas, comerciais e de patrocínios), com apenas um limitado número de clubes com capacidade para explorar as enormes oportunidades oferecidas pelo mercado global”, alerta o relatório da UEFA. Um crescente fosso entre os clubes de elite e os restantes, deixando antever que este diferencial tornará ainda mais raros casos de sucesso de clubes mais modestos, como o Leicester, vencedor da última edição da milionária Premier League.

Ao nível das receitas televisivas, o Barcelona lidera o ranking, com 142 milhões de euros acumulados em 2015, apenas mais um que o Real Madrid. O Manchester United compõe o trio da frente, com 139 milhões de euros arrecadados no ano passado, numa lista de 20 que não inclui nenhum emblema português.

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