Câmara do Funchal acusada de desviar verbas para propaganda política

Deputado independente no parlamento regional acusa gestão de Paulo Cafôfo de tudo fazer para controlar a informação. Câmara nega acusações e avançar com processo judicial contra Gil Canha.

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Paulo Cafôfo é acusado por ex-vereador de desvio de verbas Nuno Ferreira Santos

O debate foi no Parlamento madeirense, mas as críticas foram para a forma como a autarquia do Funchal está a gerir os recursos financeiros. O deputado independente Gil Canha acusou esta semana o presidente funchalense, Paulo Cafôfo, de estar a desviar verbas destinadas à solidariedade para “financiar” campanhas publicitárias na imprensa local.

“Estamos a verificar que 60% das verbas que são destinadas a ajudar as famílias, são canalizadas para propaganda”, disse o deputado, durante o debate parlamentar que apreciava uma proposta para regulamentar a recepção e utilização dos donativos concedidos em caso de catástrofes ocorridas no arquipélago.

A autarquia reagiu de imediato e rejeitou as acusações, sublinhando que face à gravidade destas não tem outra alternativa senão avançar para as instâncias judiciais. “Não admitimos que esta questão se torne alvo de chicana eleitoral ou de qualquer jogo político baixo”, lê-se num comunicado divulgado, que define como “mentiras grosseiras” as acusações de Gil Canha.

O deputado, que chegou a integrar a equipa de Paulo Cafôfo, saindo seis meses depois de ter tomado posse, depois de este lhe ter retirado pelouros e competências, mantém o discurso. Mesmo perante a ameaça de um processo judicial. “Durante o combate ao regime jardinista fui alvo de muitos processos, de agressões e até de terrorismo, já que destruíram os meus dois automóveis, mas o que está a acontecer na Câmara do Funchal é muito pior”, referiu ao PÚBLICO, dizendo que o autarca funchalense é muito mais perigoso para a Madeira do que Alberto João Jardim.

“A Câmara gasta 20 mil euros por mês no Diário de Notícias [da Madeira], entre suplementos e eventos. Tudo para controlar a informação. Fizeram o mesmo durante os incêndios, quando até pagaram a jornais do continente para vir à Madeira”, acusa o deputado, que já anunciou ser candidato à autarquia, este ano. O objectivo, não esconde, é derrotar o antigo parceiro de coligação. “Já estava pronto para calçar as pantufas e reformar-me da política mas este senhor é um perigo para a região.”

Paulo Cafôfo, que remeteu para o comunicado qualquer apreciação sobre esta matéria, foi eleito como independente pela coligação Mudança, formada pelo PS, Bloco de Esquerda, MPT, PAN, PTP e o PND, na altura encabeçado por Gil Canha.

Foi a primeira geringonça do país, mas nos primeiros meses andou aos solavancos. Por alegadas pressões externas, Cafôfo retirou os pelouros da Fiscalização Municipal e do Plano Director Municipal a Gil Canha, o que motivou que outros dois vereadores, entre os quais a vice-presidente da autarquia Filipa Jardim Fernandes, renunciassem aos cargos em solidariedade.

Sem três dos quatro vereadores executivos, Cafôfo foi obrigado a reformular a equipa, mas perdeu os apoios do PTP, de José Manuel Coelho, e do PND, que entretanto foi extinto. Estes dois partidos de protesto, conseguiram nas eleições anteriores perto de 9% dos votos.

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