Street Art

Silo Auto: um parque de estacionamento com jardins verticais

Dayana Lucas
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Dayana Lucas

Uma floresta, um aglomerado de madeira ou um canteiro que observa e grava todos os movimentos de quem passa e pára para ver. O Silo Auto já não é apenas um parque de estacionamento – agora é um “jardim” onde podemos contactar com a arte. Basta subir ou descer os degraus que ligam os sete pisos do edifício. Nas paredes da escadaria encontram-se trabalhos de artistas que aceitaram o desafio de criarem uma peça específica para cada um dos pisos. Depois de ter sido inaugurada, em Setembro, a primeira intervenção com sete ilustrações de Júlio Dolbeth e Rui Vitorino Santos, Questions of Relief é a primeira exposição organizada pela Porto Lazer com o objectivo de “criar um âmbito de público diferente, mais criativo e ligado à arte”, explica ao P3 Cláudia Melo. A ideia é dinamizar o espaço para receber “exposições, de três em três meses, com um artista convidado por piso”. “A nossa premissa é dar voz a artistas emergentes para que consigam expor as suas peças”, explica a responsável da empresa municipal. A iniciativa, a decorrer até 16 de Março, “aborda um novo entendimento do espaço”. Aqui, “dispositivos expositivos” – estruturas orgânicas que se adaptam ao trabalho de cada artista – procuram conseguir uma “integração completa e não uma invasão” do edifício. “Muito mais do que um parque de estacionamento”, o Silo Auto é agora entendido como uma “galeria vertical” em que é necessário “percorrer os sete pisos para concluir a narrativa”. Neste percurso, o arquitecto Luís Albuquerque Pinho e o curador Luís Pinto Nunes procuraram criar um lugar de reflexão e contemplação que proporcionasse “um momento de pausa”. O resultado foram sete diferentes jardins desenvolvidos pelas mãos de Dayana Lucas, Gabriela Vaz-Pinheiro, Inês Castanheira, Isabel Carvalho, Pedro Tudela, Ricardo Passaporte e Teresa Braula Reis. “Sentimos que devíamos reflectir a necessidade de um jardim para nós próprios e que faça frente aos desafios do dia-a-dia”, conta ao P3 Luís Pinto Nunes. Assim acontece com as obras de Inês Castanheira e Ricardo Passaporte, dois dos artistas que cooperam com o projecto. Sendo o mote os “jardins” e um edifício dentro da paisagem da cidade do Porto, a jovem de 25 anos procurou criar “uma peça interactiva” que tenta “jogar com o espaço e a ideia de ser filmado num parque de estacionamento”. O resultado é um jardim “moderno” que segue o movimento das pessoas que passam pelo terceiro piso. Já o jovem de 29 anos, natural de Lisboa, chegou ao Norte para apresentar uma peça que dá a “ideia de conforto”. Os tapetes de relva sintética expostos no quarto piso do parque chamaram a atenção de Leonor Costa que apenas se dirigiu ao Silo Auto por causa do carro que foi rebocado. Mas, teve ainda tempo para ver uma das peças e sublinhar a importância de “dar outros usos a um edifício relevante para a cidade”. Entre o estacionamento do carro e uns lances de escadas, é no rés-do-chão do parque que encontramos a última peça: umas impressões digitais de Carlos Azeredo Mesquita, ao lado da loja das chaves. Aí está José Rebelo a substituir o pai nos ofícios. Mas teve tempo de ver a galeria, uma ideia “engraçada” que está a chamar “mais pessoas” para o espaço. A segunda exposição já tem data marcada: no dia 25 de Março mais sete artistas e sete trabalhos podem ser vistos das escadas do Silo Auto.

Gabriela Vaz-Pinheiro
Inês Castanheira
Ricardo Passaporte
Teresa Braula Reis
Pedro Tudela
Isabel Carvalho
Carlos Azeredo Mesquita