Cristiano Ronaldo, o caçador de troféus

Contam-se pelas dezenas os prémios que o português tem acumulado no futebol. Na segunda-feira, arrecadou mais um, encarnando pela quarta vez a pele de melhor do mundo. A FIFA reconheceu-lhe, através da entrega de um novo troféu, um ano de eleição. “Foi o melhor da minha carreira”, admitiu.

Fotogaleria
A FIFA reconheceu o ano excepcional que o português viveu: conquistou a Liga dos Campeões ao serviço do Real Madrid e o Campeonato da Europa pela selecção portuguesa REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
“Obrigado a todos. Desta vez não vou dar o grito”, disse Cristiano Ronaldo EPA
Fotogaleria
Cristiano Ronaldo terminou 2016 com a conquista do Mundial de clubes e a distinção com a Bola de Ouro da France Football REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
EPA/ENNIO LEANZA
Fotogaleria
O prémio foi entregue pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
Cristiano Ronaldo com o filho e a namorada REUTERS/Arnd Wiegmann
Fotogaleria
Acompanhado pela mãe a pelas irmãs, presenças habituais nestas cerimónias REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
O filho de Cristiano Ronaldo com o galardão REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
Com a norte-americana Carli Lloyd, eleita melhor jogadora REUTERS/Ruben Sprich
Fotogaleria
Os vencedores: Claudio Ranieri, treinador do Leicester City, a alemã Silvia Neid, eleita melhor treinadora, a norte-americana Carli Lloyd, e Cristiano Ronaldo EPA/ENNIO LEANZA
Fotogaleria
EPA/ENNIO LEANZA

Foi, provavelmente, uma das galas da FIFA com menos suspense no que à distinção do melhor jogador do mundo diz respeito. Foi uma gala em contagem decrescente para confirmar a coroação de um futebolista que colecciona troféus com a mesma voracidade com que vai alvejando as balizas. Foi uma gala que encerrou com um discurso totalmente em português – e poderia ter havido mais um, sem sotaque brasileiro, ao longo da cerimónia. “O ano de 2016 foi o melhor da minha carreira”, desabafou Cristiano Ronaldo já em cima do palco, em Zurique. O mundo do futebol assinou por baixo.

PÚBLICO -
Aumentar

Era a segunda vez que a estrela maior do Real Madrid e da selecção de Portugal era chamada a depor. Antes, tinha alinhado ao lado de nomes como Manuel Neuer, Dani Alves ou o colega Luka Modric (a comitiva do Barcelona fez-se notar apenas pela ausência, ditada pela preparação para o encontro da Taça do Rei) à custa da eleição para o “onze” do ano. Era uma espécie de aperitivo e, apesar de tudo, uma referência menor num currículo que no ano passado forçou os limites.

Não faltam números para atestar quão estratosférica tem sido a carreira de Cristiano – e muitos deles estão espalhados pela infografia ao lado –, mas também pode resumir-se 2016 de outra forma: título europeu de selecções, Liga dos Campeões, Mundial de clubes, eleição para a equipa do ano da UEFA e para a equipa ideal do Campeonato da Europa, a supracitada entrada no “onze” da FIFA, melhor marcador da Champions, Bola de Ouro da France Football e a vénia das vénias da FIFA. Isto para citar apenas os troféus, colectivos e individuais, mais relevantes. 

“Este prémio ainda não tinha”, assinalou Ronaldo quando se aproximou do microfone dos TPC Studios, em Zurique, que durante um par de horas acolheram alguns dos maiores talentos do planeta futebol (lendas como Diego Maradona e o brasileiro Ronaldo incluídas). O madeirense referia-se a este troféu em concreto, desenhado especificamente para o efeito e com um design mais arrojado, mas a verdade é que já conta com outros três do mesmo calibre (2008, 2013 e 2014) no museu.

A votação, de resto, foi expressiva, com Antoine Griezmann (que surpreendentemente ficou de fora do “onze” ideal) a ver de longe o duelo da praxe entre Ronaldo e Lionel Messi: 34,54% para o português, 26,42% para o argentino, 7,53% para o francês. Foi este o balanço das escolhas feitas pelos capitães e seleccionadores nacionais, por alguns representantes seleccionados da imprensa mundial e ainda pelos adeptos através do site da FIFA. Tudo combinado, o resultado foi Cristiano.

Ao final do dia, choveriam os elogios de circunstância, dos mais diversos quadrantes, mas as palavras que ficam para a posteridade são as de Cristiano: “Havia muitas dúvidas, mas o troféu mostrou que as pessoas não são cegas, dão os votos e vêem os jogos. Depois daquilo que ganhei, pela selecção e pelo clube, não tinha dúvidas.”

A generalidade dos protagonistas e dos seguidores do futebol também não teve e, aos 31 anos, Ronaldo inaugurou o formato The Best dos prémios da FIFA, depois de nova separação de águas face à distinção atribuída pela revista France Football. Um dos muitos votos que recolheu teve a assinatura, expectável, de Fernando Santos, seleccionador que também assistiu à cerimónia na qualidade de nomeado e que viu ruir a possibilidade de ser eleito como o melhor treinador do mundo.

Santos concorria com Zinedine Zidane e com Claudio Ranieri por um estatuto que, em Portugal, só José Mourinho alcançou, em 2010. Às costas carregava o improvável triunfo no Euro 2016 e uma esperança que residia no facto de a voz dos demais seleccionadores e capitães ter um peso significativo na decisão – e isso fez a diferença em 2012, a favor de Vicente Del Bosque.

Desta vez, porém, vingou o conto de fadas que foi a conquista pelo Leicester City da Premier League, com Ranieri a recolher a preferência dos votantes. Nesta hierarquia, o seleccionador português foi remetido para o lugar mais baixo do pódio, com 16,24% dos votos (Carlos Queiroz, na qualidade de treinador do Irão, não escolheu o compatriota em nenhuma das três opções possíveis no boletim), enquanto Zidane recolheu 16,56% e o vencedor 22,06%.

“Para mim, o mais importante foi ter vencido o Europeu, isso é que vai ficar marcado. Não foi surpresa não ganhar, porque havia dois concorrentes muito fortes. Parabéns ao Ranieri, porque fez um excelente trabalho no Leicester”, reagiu Fernando Santos, antes de sublinhar que nunca duvidou do triunfo de Ronaldo. “Vamos procurar que haja uma próxima oportunidade de estarmos aqui.”

Cristiano já começou a fazer a parte que lhe toca, ao entrar no ano de 2017 com um golo no triunfo folgado (sobre o Granada) de um Real Madrid que caminha a passos largos para a conquista da Liga espanhola. Em 2014, chegou a projectar jogar ao mais alto nível até aos 36 anos, mas em Novembro alargou o limite, entre sorrisos, para os 41. Chegue até onde chegar, certo é que irá arrebatar mais uns troféus pelo caminho.

PÚBLICO -
Aumentar
Sugerir correcção
Ler 2 comentários