Bivouacs de luxo

Foram vários os pilotos que se queixaram dos bivouacs das últimas duas etapas, aqueles que tiveram lugar na Bolívia, mas estou certo de que o facto de as condições meteorológicas não terem ajudado pesa também um bocado nessa avaliação.

Na transição do Dakar de África para a América do Sul, os bivouacs passaram a ter outro tipo de condições. Há gente esquisita com a comida, mas eu, por acaso, até gosto da comida do bivouac e há para todos os gostos. Na Argentina, com aquelas carnes, a gastronomia é mesmo boa e nas condições em que estamos é fantástico. É sempre um momento por que os pilotos anseiam, a chegada ao bivouac para comer.

Em África, chegar ao bivoauc era sinal de comida, mas na América do Sul há mais acesso a comida nas ligações, há comércio, há vida, quase como se estivéssemos no nosso país, o que em África não acontecia. Há muito mais oferta do que em África e por isso, a chegada ao bivouac deixou de ser tão valorizada.

Em contrapartida, para a higiene pessoal dos pilotos há agora muito melhores condições. Eu lembro-me de, em África, chegar a um descampado e tomar banho com um balde. Na América do Sul, há hotéis como se estivéssemos no meio de Lisboa. Há etapas de excepção nas quais não há tantas condições, mas lembro-me perfeitamente de acabar algumas etapas cedo e ir para hotéis bons, com piscina, ar condicionado. Isto, em África, é impensável.

Não sei exatamente como é a edição deste ano, mas a ideia que eu tenho é de que, na generalidade, há mais condições. Cada vez se vê mais pilotos a levar meios próprios, caravanas, etc., para evitar deslocações. Estão ali perto do bivouac e é tudo bem mais acessível.

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