Trump diz que Rússia vai ter mais respeito pelos EUA quando ele for Presidente

Presidente eleito nomeia senador com posição forte anti-Moscovo para liderar os serviços de espionagem e segurança.

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Dan Coats, o novo responsável das agências de informação e espionagem, defende uma linha dura contra a Rússia PETE MAROVICH/Lusa

O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, lançou uma série de tweets criticando os “estúpidos” ou “parvos” que pensam que “ter uma relação boa com a Rússia” não é “algo bom”. “Quando eu for Presidente, a Rússia vai respeitar-nos mais do que faz agora”, disse Trump, que tomará posse a 20 de Janeiro.

Numa acção de sinal aparentemente contrário à sua predilecção pelo Presidente russo, Trump confirmou que irá nomear Dan Coats para a direcção dos serviços de informação, espionagem e segurança. Coats, senador republicano do Indiana, assegurará uma "liderança firme para toda a comunidade dos serviços secretos e informação, e supervisionará a vigilância sem fim da minha Administração contra todos os que nos tentam fazer mal”. O senador, que nas eleições de Novembro não se recandidatou a um novo mandato, tem tido uma forte posição de defesa das sanções impostas pelos EUA contra Moscovo, e disse que era "uma honra" estar numa lista negra do regime russo.

As afirmações de Trump no Twitter surgem um dia depois de ter sido revelado um relatório das três agências de segurança e informação do país – CIA, FBI e NSA – declarando que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma campanha concertada para prejudicar a candidata democrata, Hillary Clinton, nas presidenciais norte-americanas de 2016, usando ataques informáticos e outros meios.

As agências dizem ainda que quando parecia que o seu candidato favorito tinha poucas hipóteses de vencer, os ataques passaram a ter como objectivo descredibilizar Clinton e a sua futura presidência. Esta foi uma “escalada significativa” nos esforços russos em prejudicar “a ordem liberal e democrática” dos EUA, consideraram.

Mas Trump leu a mensagem de outro modo. Logo a seguir a ser informado sobre o relatório (com informação confidencial), o Presidente eleito reagiu dizendo que foi concluído que não houve qualquer acção contra as máquinas de voto, pelo que está provado de que a eleição foi ganha por si sem qualquer interferência.

Trump também disse que estas acusações contra a Rússia aconteceram porque os democratas estavam “envergonhados” pela dimensão “da sua derrota”. Na verdade, Hillary Clinton teve mais quase três milhões de votos do que Trump; mas como o sistema americano assenta nos votos dos estados no Colégio Eleitoral, Trump ganhou mais votos no Colégio Eleitoral e foi eleito Presidente mesmo com menos voto popular.

Acusou ainda os democratas de não terem protegido os seus emails, algo que os republicanos fizeram. E prometeu proteger os EUA de ataques informáticos, não mencionando, no entanto, nenhum país em concreto.

A colunista do jornal Miami Herald Frida Ghitis comenta que o relatório dos serviços de informação demonstra “que os objectivos da Rússia, apesar da vitória de Trump, não foram completamente conseguidos”, já que o suposto interesse de Moscovo era prejudicar “a ordem liberal e democrática” dos EUA.

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