A Temporada Darcos comemora dez anos em Torres Vedras e Lisboa

A participação da Mahler Chamber Orchestra, do escritor José Luís Peixoto e da cantora Maria João são alguns destaques da programação que se inicia este sábado com a Orquestra de Extremadura.

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Ensemble Darcos dr

Nos últimos 10 anos, a Temporada Darcos, sediada em Torres Vedras, mas com ocasionais concertos em Lisboa e noutros locais, tem proporcionado ao público uma programação bastante diversificada, não obstante a sua forte ligação a uma personalidade individual: o compositor Nuno Côrte-Real, que deste modo tem combinado as suas vertentes de criador, maestro e programador.

Assinalando a sua primeira década de existência, a temporada de 2017 começa este sábado, às 21h30, no Teatro-Cine de Torres Vedras, com um concerto pela Orquestra de Extremadura, que será repetido domingo, às 17h, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém. Com direcção musical do próprio Nuno Côrte-Real e a participação dos solistas Joahnnes Lörstad (violino), Filipe Quaresma (violoncelo), Helder Marques (piano) e Ana Pereira (gaita-de-foles), esta formação com um relevante papel no impulso cultural da referida região espanhola, interpretará a Abertura da ópera D. Giovanni, de Mozart; a Dança Ritual do Fogo (do bailado O Amor Bruxo), de Manuel de Falla; o Duplo Concerto para Violino e Violoncelo, de Brahms; e, em estreia absoluta, a Wellington Suite, de Nuno Côrte-Real. Esta obra com partes concertantes para piano e gaita-de-foles, pretende evocar as famosas Linhas de Torres Vedras, a edificação militar que há dois séculos determinou o fim das Invasões Francesas na Península Ibérica.

A Temporada Darcos nasceu a partir das residências artísticas que o grupo de câmara Ensemble Darcos (criado em 2002 por Nuno Côrte-Real) passou a realizar a partir de 2006 no Teatro-Cine de Torres Vedras. Rapidamente estas se transformaram num “espécie de festival estendido no tempo, com uma dimensão de autoria e de produção próprias”, para usar as palavras do seu mentor que, apesar de nascido em Lisboa, passou a adolescência em Torres Vedras e manteve sempre relações estreitas com a cidade.

Na edição de 2017, o grande destaque vai para a participação da Mahler Chamber Orchestra, agrupamento de primeiro nível criado em 1997 por iniciativa Claudio Abbado e por um grupo de instrumentistas que tinham  pertencido à igualmente prestigiada Gustav Mahler Youth Orchestra. Um programa formado pelas célebres Sinfonias nº 101 O Relógio, de Haydn, e nº40, de Mozart, e pelo Concerto Vedras, de Nuno Côrte-Real, será dirigido pelo próprio compositor em Torres Vedras e Lisboa.

Uma das propostas da programação que suscita mais curiosidade consiste no convite dirigido ao escritor José Luís Peixoto para escrever uma série de versos que serão postos em música por Nuno Côrte-Real e que serão cantados por Maria João, uma voz inconfundível do universo do jazz português, acompanhada pela Ensemble Darcos (dias 2 e 4 de Junho, respectivamente em Torres Vedras e em Lisboa, no CCB).

Outras propostas vocais, incluem uma homenagem ao Cante no âmbito de um projecto que contará com o Coro Ricercare (30 de Setembro) e o Concerto à Beira-Mar no Hotel Golf Mar de Porto Novo, no qual o tenor João Rodrigues e o Ensemble Darcos interpretam música de Mendelsshon, Schubert e Eurico Carrapatoso (25 de Março). No mesmo dia, realiza-se ainda um Workshop para miúdos e graúdos em parceria com a Academia de Música de Óbidos, destinado a dar a conhecer os diversos instrumentos musicais, com a possibilidade de experimentação. A vertente educativa constará também da participação da Orquestra Académica Metropolitana a 21 de Maio no Teatro-Cine de Torres Vedras com um concerto comentado para famílias e escolas, que terá a participação dos solistas vencedores do Prémio Inatel de 2017.

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