Entendimento entre PSD e CDS em Lisboa está difícil

Está tudo em aberto na capital quanto a uma coligação de direita. Há mais concelhos onde o diálogo PSD-CDS não é fácil.

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Passos vai decidir se PSD apoia ou não Cristas em Lisboa Daniel Rocha

O PSD-Lisboa está a antever como difícil um entendimento com o CDS para uma coligação para as autárquicas em Lisboa e quer deixar em aberto todos os cenários, incluindo o de vir a ter um candidato próprio, seja militante do partido ou um independente.

Entre os sociais-democratas cresce a convicção de que será difícil chegar a acordo com o CDS para apoiar Assunção Cristas, tendo em conta a disponibilidade manifestada pelos centristas mas também a própria situação interna do PSD. Os centristas esperam por uma resposta.

A posição assumida na moção da concelhia do PSD-Lisboa veio dar consistência à ideia de que a estrutura local está confortável com os vários cenários, apesar de relembrar a oposição a coligações pré-eleitorais.

Muitos sociais-democratas estão inconformados com um eventual apoio à líder do CDS em Lisboa por dar uma imagem de partido que vai a reboque de outro mais pequeno mas também por causa do contexto nacional. O PSD ainda não tem candidatos nas capitais de distrito, em Sintra prepara-se para recuar e apoiar Marco Almeida, o candidato que recusou há quatro anos, e no Porto escolheu um independente – Álvaro Almeida – que é desconhecido do eleitorado. Um cenário que não ajuda a que a primeira grande decisão do PSD seja a de vir a apoiar uma candidata do CDS em Lisboa que está no terreno desde Setembro.

Pelo lado do CDS, Assunção Cristas mantém a disponibilidade para conversar com o PSD e mostra satisfação por poder vir a ter o seu apoio. Os centristas lembram que candidatura da líder do partido não ficou em suspenso e que Cristas não irá desistir, com ou sem coligação. Agora esperam uma decisão do PSD. O dossier está nas mãos de Pedro Passos Coelho como evidenciou o presidente da concelhia de Lisboa, Mauro Xavier, ao admitir, numa nota no Facebook, que “manda quem pode e obedece quem deve”. Uma posição assumida depois de muita resistência a uma coligação pré-eleitoral.  

Desavenças no país

Antigos parceiros de coligação no Governo, PSD e CDS estão agora a braços com algumas divergências em torno das alianças autárquicas em vários distritos no país. Essa questão foi debatida quinta-feira na comissão política do CDS, na qual foi feito o ponto da situação, mas em que não foram tomadas deliberações sobre coligações autárquicas.  

Uma das situações problemáticas - e que também foi falada na comissão política do PSD - é a do concelho da Mêda, no distrito da Guarda, onde o CDS foi a força mais votada e considera ter o direito a liderar a coligação com o PSD, uma aliança protagonizada pelo candidato centrista. Só que os sociais-democratas ainda não deram o seu acordo. “Não é uma coisa que esteja fechada nem afastada. Só será decidida nos próximos tempos”, afirmou ao PÚBLICO Carlos Peixoto, líder da distrital do PSD da Guarda. Os distritos de Coimbra e de Leiria também foram referidos como exemplos de dificuldades na concretização das coligações. Há queixas de parte a parte.

No CDS, se uma eventual aliança com o PSD para a Câmara de Lisboa ainda é apresentada como questão em aberto, já o Porto está dado como dossier fechado. Assunção Cristas reitera o seu compromisso de que o partido irá apoiar, de novo, Rui Moreira.

Entre os centristas o desafio das eleições autárquicas de 2017 é manter as cinco câmaras municipais. No Norte do país há alguma preocupação com Vale de Cambra e com a histórica em Ponte de Lima, onde o militante centrista Abel Baptista se candidatou como independente. 

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