Uma conferência mundial e 150 milhões para promover a inovação social

Depois do Web Summit, Portugal vai promover um evento internacional sobre soluções inovadoras para questões sociais. E há um envelope cheio para novas ideias.

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A ministra da Presidência e Modernização Administrativa e o comissário europeu revelaram grande sintonia Nuno Ferreira Santos

Portugal é líder europeu da inovação social e foi o primeiro país a candidatar projectos nesta área aos fundos estruturais. Quem o afirma é o comissário para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, que ontem esteve reunido com a ministra da Presidência e Modernização Administrativa, em Lisboa. Juntos decidiram que Portugal vai receber, antes do final deste ano, uma conferência internacional para a Inovação Social, uma espécie de Web Summit para as questões sociais onde há lugar para startups, ONG, IPSS e todos os actores desta área.

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“Decidimos hoje mesmo organizar uma grande conferência internacional sobre inovação social, a realizar em Portugal mais para o final deste ano, em que poderemos apresentar o que foi feito por cá, mas conhecer também outros exemplos do que está a ser feito, não só na Europa mas também noutras partes do mundo, e em que possamos estabelecer um programa de trabalhos para 2018, 2019 e 2020”, disse Carlos Moedas ao PÚBLICO no final do encontro.<_o3a_p>

A sintonia do antigo secretário de Estado de Passos Coelho com a ministra socialista neste ponto não podia ser maior. “Já somos a casa da Web Summit, queremos ser também uma casa importante para a inovação social, que toca pontos que têm a ver com a inovação em geral, como a inclusão digital”, afirma Maria Manuel Leitão Marques. Moedas acrescenta: “Eu vejo a Europa não como algo punitivo, mas como uma fonte de informação do melhor que se faz e hoje Portugal é líder em termos de inovação social”.<_o3a_p>

A iniciativa ainda não tem lugar nem data marcada, mas irá colocar Portugal no centro de um sector para o qual o país conta já com um envelope de 150 milhões de euros dos fundos estruturais para projectos nesta área, através de diferentes linhas de capacitação, sejam os títulos de impacto social, as parcerias ou o fundo de inovação social.<_o3a_p>

Os destinatários destas verbas são as organizações do sector social que estão a nascer, ou que precisam de ganhar escala ou reforçar as suas competências, assim como empresas que tenham produtos ou serviços com impacto social, explica Maria Manuel Leitão Marques, dando exemplos como a Coloradd, uma empresa que desenvolveu um produto para daltónicos. <_o3a_p>

“Tem é de haver sempre um elemento de inovação, que procure soluções novas mas ligadas a resultados”, sublinha, lembrando que algumas destas linhas de crédito são em primeira linha financiadas por investidores sociais, que só em função dos resultados podem reaver o seu capital e voltar a investir. São os chamados títulos de impacto social e há já casos concretos no país.<_o3a_p>

“Muitos destes instrumentos financiam soluções que já deram provas de impacto social mas que precisam de um reforço para crescer ou para se replicar, ou mesmo replicar ideias de outros países”, acrescenta.

LabX, testar para inovar<_o3a_p>

Outro tema de conversa entre Moedas e Leitão Marques foi a inovação no sector público, de que a ministra é especialista reconhecida internacionalmente. “Criamos um laboratório para esse efeito para o sector público para facilitar a vida do cidadão na relação com a administração pública”, referindo-se ao LabX, cuja ideia é “prototipar, experimentar, fazer a prova do conceito como fizemos para com o cartão do cidadão” antes de colocar em prática novos instrumentos de modernização administrativa.<_o3a_p>

O LabX é um projecto candidato a fundos europeus Horizonte 2020 e está ligado ao LabConections, uma rede de laboratórios semelhantes que há na Europa e na Comissão Europeia, e já tem projectos em curso, como o balcão do óbito ou o balcão do desemprego. <_o3a_p>

No âmbito da Administração Pública, o Governo deu também sequência aos espaços do cidadão criados pelo anterior executivo para ajudar os mais velhos, com mais dificuldades de acesso ao digital, a ter um espaço online nas juntas de freguesia para acesso aos serviços públicos digitais. <_o3a_p>

Maria Manuel Leitão Marques lembrou que este processo de modernização administrativa começou em 1999 com as Lojas do Cidadão, um projecto que ganhou prémios internacionais, incluindo três das Nações Unidas, e que atravessou todos os governos. “Houve um momento em que parou um bocadinho mas no final foi retomado, os espaços do cidadão renovaram a ideia do balcão multisserviços e deram-lhe uma outro alento e nós continuamos o projecto sem sequer mexer nos protocolos firmados”, disse. <_o3a_p>

Na sua opinião, esta política de modernização administrativa “não se faz numa legislatura, tem de ter continuidade”. Também aqui a sintonia é grande entre a ministra e o comissário, que salientou que se trata de uma tarefa, não só dos países, mas também das instituições europeias.<_o3a_p>

Para a ministra, o reconhecimento internacional destes programas é fundamental porque “Portugal compete no mundo, não apenas pelas suas empresas, pelas exportações e economia, mas também pela administração pública moderna, pela sua capacidade de reduzir custos administrativos para as empresas e para os cidadãos, pela sua capacidade de ser inclusivo e ter uma sociedade socialmente coesa”. Os países também são isso, diz: “A sua qualidade de vida, a segurança, os indicadores de igualdade e a qualidade dos seus serviços públicos”.<_o3a_p>

Moedas acrescenta mesmo que “conseguir ter serviços públicos que funcionam bem são também uma atracção ao investimento privado, importantíssimo para a economia”. “Quanto mais a eficiência da administração portuguesa for conhecida lá fora, mais investimento pode captar. É um ecossistema que ajuda um país a ser mais inovador e que, ou funciona, ou não funciona”, salienta. <_o3a_p>

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