A hora da Caixa: oito perguntas que precisam de resposta

António Domingues vai à Assembleia, já livre para dizer o que aconteceu. Não sabemos o que está disposto a dizer, mas é a hora de lhe pedir estas oito respostas.

1. António Domingues colocou, ou não, como pré-condição a não entrega de declarações no TC? Por escrito? Escreveram-se páginas e páginas de jornais sobre esta dúvida - e desta quarta-feira não podem sobrar dúvidas: Domingues deixou ou não claro que queria a sua administração isenta de apresentar declarações de património? E deixou-as registadas por escrito?  

2. (Em caso afirmativo), a quem o pediu - e quem sabia disso? Questão subsequente: se Domingues pediu, pediu a quem essa condição? Ao secretário de Estado, ao ministro, ao chefe de Governo? Quem sabia, se é que havia condição para saber.

3. A Caixa esteve em risco de bail-in? Domingues pôs todas as cartas numa forte recapitalização, mas nunca falou sobre as contas que encontrou na Caixa. O banco público esteve em risco de uma reestruturação imposta por Bruxelas, com perdas associadas a clientes e investidores?

4. Quantas imparidades ficaram registadas já? O que é que isso nos diz sobre a qualidade dos empréstimos da CGD? As notícias publicadas apontam para o registo de três mil milhões de crédito malparado no banco público. O número está certo? Até que ponto era necessário tanto? E isso quer dizer que a CGD esteve a dar empréstimos sem garantias suficientes?

5. O plano de recapitalização está plenamente garantido? Já há ok de Bruxelas e Frankfurt para a primeira parte da operação (que pode totalizar 5,7 mil milhões de euros). Mas que condições foram impostas pelo supervisor para que as próximas se colocassem? E a emissão de títulos para privados? Que garantias de sucesso pode ter? 

6. Quantos balcões fecham com o plano de reestruturação? Domingues e o seu Conselho de Administração já aprovaram os próximos passos. E sabe-se que passam pelo menos por redução de pessoal (via aposentações) e fecho de balcões e serviços. Vamos saber quantos e quais? 

7. Quais foram os motivos da sua demissão? Domingues saiu, ao que se sabe, pela falta de apoio político. Talvez pela entrega de declarações no TC - que chegou a fazer, pedindo sigilo. Mas falta ouvi-lo. Em concreto, foi porquê? E disse-o quando ao Governo?

8. E porque não ficou mais uns dias, até que a nova gestão fosse aprovada? Foi a última das polémicas: só a dois dias do fim do prazo o Governo lhe pediu que ficasse até que Paulo Macedo o substituísse. Domingues e Governo desentenderam-se sobre o motivo e a culpa pela saída imediata. Afinal, o que aconteceu?

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