"Voto de confiança" em Trump: Ford desiste do México e investe 700 milhões nos EUA

O Presidente eleito tinha criticado, durante a campanha, o fabricante automóvel por retirar postos de trabalho e investimento dos EUA para o México, ameaçando cobrar uma taxa de 35% aos carros aí fabricados.

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Mark Fields, presidente-executivo da Ford, anunciou a decisão nesta terça-feira Reuters/REBECCA COOK

A Ford Motor Company anunciou esta terça-feira que vai cancelar os seus planos de construção de uma estrutura de 1300 milhões de dólares (1235 milhões de euros) no México para investir 700 milhões de dólares (665 milhões de euros) na construção de uma fábrica no Michigan nos EUA. A decisão foi tomada com base nas políticas “pró-crescimento” defendidas pelo Presidente eleito, Donald Trump.

À CNN, o presidente-executivo (CEO) do fabricante automóvel americano, Mark Fields, explicou que a decisão é um “voto de confiança” em relação ao ambiente favorável ao investimento que está a ser criado por Trump. Desta feita, ficam salvaguardados pelo menos 700 postos de trabalho que iriam passar para o México.

Apesar disso, Fields desmente que tenha negociado qualquer tipo de acordo com o futuro Presidente dos EUA: “Nós não fechámos um acordo com Trump. Fizemo-lo pelo nosso negócio”, diz o responsável da Ford, acrescentando, no entanto, que a empresa esteve em contacto com Donald Trump e com o próximo vice-presidente Mike Pence na manhã desta terça-feira.

Sem se conhecer ainda a verdadeira influência da equipa de Donald Trump no volte-face da Ford, a verdade é que em Novembro o Presidente eleito chamou a si os louros por evitar que a empresa transferisse uma fábrica inteira do Kentucky também para o México.

Durante a campanha eleitoral, o candidato republicano atacou a Ford, alegando que o fabricante estava a tirar postos de trabalho e investimento para o México, ameaçando cobrar uma taxa de 35% em todos os automóveis fabricados do lado de lá da fronteira e vendidos em solo americano.

Agora, a Ford explica que o montante investido servirá para a construção de uma fábrica onde serão produzidos carros de alta-tecnologia, autónomos e eléctricos, bem como os modelos Mustang e Lincoln Continental.

Talvez motivado pela decisão da Ford, e pela pressão exercida, Trump utilizou a mesma estatégia em relação a outro construtor automóvel. Isto porque, também nesta terça-feira, o Presidente eleito utilizou novamente o Twitter para deixar um recado à General Motors: "A General Motors está a enviar o modelo do Chevy Cruze feito no México para concessionários dos EUA sem pagar impostos através da fronteira. Façam nos EUA ou paguem mais impostos fronteiriços!". 

A GM respondeu já ao futuro inquilino da Casa Branca através de um comunicado citado pela CNN. Aí explica que produz o referido Chevrolet Cruze na sua fábrica na cidade de Lordstown no Ohio, admitindo, no entanto, que o mesmo modelo mas de cinco portas é, efectivamente, fabricado no México mas tem como destino, maioritariamente, o mercado internacional devido às fracas vendas nos EUA.

Segundo os dados apurados pela estação norte-americana, a GM vendeu, no mês de Novembro, 16.500 Cruzes nos EUA, sendo que 1600 eram os de cinco portas produzidos em território mexicano.

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