Pagamentos móveis a crescer, mas ainda residuais

MB Way tem 155 mil pessoas com a aplicação pronta a usar. Valor das compras é muito inferior ao das outras formas de pagamento

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Os pagamentos móveis estão longe de uma adopção massificada patrícia martins/arquivo

O número de utilizadores do MB Way, um sistema de pagamentos móveis da Sibs, mais do que duplicou desde o início do ano, atingindo as 155 mil pessoas que têm a aplicação instalada num telemóvel ou tablet e ligada a um cartão bancário. Mas a respectiva média de utilização é de apenas 11%.

A aplicação foi lançada em Outubro do ano passado. Permite associar os dados bancários a um número de telemóvel ou email e usar estes elementos como identificação no momento do pagamento. O objectivo, de forma semelhante ao que acontece com o PayPal, é evitar que os consumidores tenham de introduzir na Internet dados como o número de cartão de crédito, algo que muitos utilizadores têm relutância em fazer.

Embora o MB Way seja usada sobretudo para compras online, há também casos (como acontece em alguns supermercados ou cadeias de restauração) onde é possível usá-lo como forma de pagamento no local, em alternativa ao cartão ou ao dinheiro. Com o telemóvel transformado num objecto praticamente imprescindível, estes pagamentos móveis são uma modalidade que empresas de cartões bancários, fabricantes de telemóveis e operadores de telecomunicações se têm esforçado por promover, embora estejam ainda muito longe de uma adopção massificada. Em Portugal, a Meo, por exemplo, disponibiliza a aplicação Meo Wallet.

De acordo com números da Sibs, o montante das compras pagas através do MB Way totaliza, desde o lançamento, 2,2 milhões de euros (o que significa um valor médio de 22 euros para cada compra). É um valor baixo quando comparado com outras formas de pagamento. Só no mês que antecedeu o Natal, por exemplo, as compras com o tradicional cartão multibanco foram quase 1500 vezes superiores àquele valor.

Mais recentemente, a aplicação passou a integrar o MB Net, o sistema de cartões de crédito temporários da Sibs. Também permite ao utilizador fazer transferências bancárias (desde que os bancos envolvidos tenham aderido ao sistema) e levantar dinheiro numa caixa automática sem recorrer ao cartão.

Por seu lado, o PayPal disse recentemente ao PÚBLICO ter meio milhão de utilizadores activos em Portugal, o que significa um crescimento de 100% ao longo dos últimos três anos. Ainda assim, o valor fica proporcionalmente abaixo do mercado espanhol, onde a multinacional americana disse ter quatro milhões de utilizadores.

Portugal tem historicamente uma adesão relativamente baixa às compras online, em parte devido a receios face aos métodos de pagamento. Para muitos, a Internet já é quase indispensável no processo de compra: permite descobrir produtos, comparar preços, obter informação detalhada, ler críticas de especialistas e de quem já comprou o produto. Mas na hora de pagar, a maioria dos consumidores continua a preferir ir a uma loja fisica. O comércio online tem vindo a crescer a grande ritmo ao longo desta década, mas é uma prática ainda minoritária e é um dos indicadores em que o país está longe da média europeia.

Dados recentes do Instituto Nacional de Estatística mostram que entre 2010 e 2015 mais do que duplicou o grupo de utilizadores de Internet que faz compras online: eram 10% no início da década, subiram para 23% no ano passado (este indicador inclui compras cuja encomenda seja feito online, mas com pagamento offline). Já dados do Eurostat, o gabinete de estatística da Comissão Europeia, colocam Portugal no 24º lugar entre os 28 países da União. No ano passado, 31% dos utilizadores em Portugal tinham feito compras online pelo menos uma vez ao longo do período de um ano, significativamente abaixo da média europeia de 53%. 

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