Mensagem de Ano Novo incluiu temas simpáticos para todos os partidos

A 2016 Marcelo foi buscar elogios para os feitos de PS, BE e PCP. Para 2017, fez votos que coincidem com exigências da oposição.

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Miguel Manso

A primeira mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República fez jus à imagem que tem assumido desde a tomada de posse: ecumenismo de valores, sejam religiosos, sociais ou políticos. Ou, para usar uma linguagem laica, o Presidente esforça-se para se manter “rigorosamente ao centro”, como tem dito.

No discurso de domingo, Marcelo foi buscar a 2016 os motivos, mais conjunturais, para elogiar a “geringonça”: destacou a estabilidade política e confiança internacional conquistadas e a promoção da justiça social — sem sacrifício da meta do défice, finalmente respeitada — em termos que terão agradado a PS, BE e PCP. “2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro”, disse Marcelo, piscando o olho à esquerda.

Já ao referir-se a 2017, expressou votos que vão sobretudo ao encontro das exigências da oposição. Salientou a necessidade de crescimento económico e desenvolvimento estrutural. “2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e definição e execução do crescimento económico sustentado”, acrescentou, piscando o olho à direita e elevando a fasquia da exigência ao Governo.

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E visitou os temas transversais, consensuais, e os que são o seu programa desde o início: a “proximidade entre poder e povo”, o “amor-próprio como nação” para qual contribuíram eventos como os sucessos desportivos, a eleição e de Guterres na ONU e a Web Summit. E aqui há louros a repartir entre esquerda e direita.

Já a consolidação do sistema bancário (sem o nacionalizar), a redução do défice e o cumprimento dos compromissos europeus, que Marcelo mencionou, são ideias caras a PSD e CDS-PP, mas também ao PS.

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