Exposição de Amadeo no Porto "para além das expectativas"

A exposição que encerra este sábado e depois segue para Lisboa já recebeu mais de 40 mil pessoas, o que faz disparar o número de visitantes do Museu Nacional do Soares dos Reis para mais de 90 mil, muito acima dos 54 mil de 2015.

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No Museu Nacional Soares dos Reis foi recriada a exposição individual que Amadeo teve patente no Porto há precisamente 100 anos Nelson Garrido

A exposição de Amadeo de Souza Cardoso, que encerra às 18h deste sábado no Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), no Porto, depois de dois meses em exibição, foi "para além das expectativas" da instituição, disse hoje a directora. Em declarações à Lusa, Maria João Vasconcelos ressalvou que os dados só vão estar fechados na próxima semana, mas adiantou que por lá já passaram mais de 40 mil pessoas, o que lança os números de 2016 do único museu nacional do Norte do país para cima dos 90 mil visitantes, muito acima dos 54.407 de 2015.

"Não há dúvida de que em dez anos o museu alterou profundamente o seu relacionamento com o público e tem demonstrado que a equipa que tem cá dentro a trabalhar consegue trabalhar. Tenho pena que a evolução da gestão dos museus não seja no sentido de potenciar o que as equipas podem fazer e o que as parcerias que podem ter permitiriam fazer, mas a centralização que se está a verificar há-de determinar as possibilidades de avançar ou não", afirmou Maria João Vasconcelos.

O museu ampliou o horário de fecho nos penúltimos dias da exposição, antes de esta seguir para o Museu do Chiado, em Lisboa, para acomodar os milhares que têm acorrido ao Soares dos Reis e que diariamente preenchem o passeio da rua Dom Manuel II. Na fila para entrar, a Lusa encontrou Paulo Lopes, jovem brasileiro a residir no Porto há nove anos, que já havia estudado Amadeo de Souza Cardoso na licenciatura em História da Arte e que ficou curioso com o facto de a exposição recriar a única mostra individual do artista em vida, feita no Porto e em Lisboa há 100 anos.

"O Amadeo se tornou pop, não é? Isso chama muito a atenção, não que desmereça a figura dele", afirmou Paulo Lopes, enquanto António Gonçalves, um residente em Gondomar também na fila no exterior do museu, sublinhou que "Amadeo é um grande", antes de confessar que lhe disseram que "justifica mais ver a exposição do que os Mirós que estão em Serralves". Maria João Vasconcelos relembrou que "a comemoração dos 100 anos foi um pretexto para voltar a pegar em alguns aspectos, e um particularmente interessante do ponto de vista da cidade do Porto, que era a receptividade – ou falta dela – que o Amadeo tinha tido quando fez a exposição".

"Conseguiu-se de facto reunir um grande conjunto das peças que tinham sido expostas [em 1916], com um resultado muito satisfatório", declarou a directora do MNSR.

No interior, a família Rocha – pais e dois filhos – visitava a exposição no dia antes do encerramento, depois de uma chamada de atenção da professora de Português do filho mais velho, João. "Avisaram-nos que era o último dia e portanto tínhamos de vir. Falámos várias vezes sobre Amadeo de Souza Cardoso. E também por causa do museu, que é um museu nobre na cidade, nunca cá tínhamos vindo e era uma falha", disse o jovem. Elisabete Rocha, por seu lado, sente-se cativada pelas cores e pelas texturas dos quadros de Amadeo, enquanto Carlos Rocha realçou como "incontornável" o artista falecido em 1918 e mostrou-se "em falha por não perceber a dimensão do que afinal foi Amadeo de Souza Cardoso", um "homem que estava muito à frente".

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