Está na hora do teu ano sabático!

Se o estigma social (“vais tirar um ano para andar a laurear a pevide”?) é mais forte do que a tua vontade e a tua personalidade, então nem te dês ao trabalho de ler este texto

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Slava Bowman/Unsplash

“Ano novo, vida nova”. Se precisas urgentemente disso e acreditas piamente na expressão, estas palavras são mesmo para ti.

Estás na casa dos 40 (dos 30 ou dos 50) e não sabes bem o que fazer da tua vida profissional? Falta-te motivação e estás longe de amar o que fazes? "Realização profissional" é uma miragem e costuma vir nos teus 12 desejos de Ano Novo? A tua rotina no trabalho está a "matar-te"? Não estará na altura de parar, refletir, recuperar o foco e a paixão?

Podes ganhar tudo isso – e muito mais – num ano sabático, no qual vais descobrir imenso sobre ti, valorizando-te a um nível que (parece) ainda não tomaste consciência. Está na hora de seres empreendedor/a. A favor do teu futuro! Sim, sei que nem tudo é fácil, mas ficar na mesma também não. E sempre ouvi dizer que quem não está bem... muda-se. O "clique" deve partir de ti. Quem não faz o que gosta está a punir-se diariamente e não será o melhor exemplo de produtividade e eficácia para a entidade empregadora, com as naturais expectativas de estar a pagar a alguém empenhado, comprometido e focado no êxito do seu projecto.

Se o estigma social (“vais tirar um ano para andar a laurear a pevide”?) é mais forte do que a tua vontade e personalidade, então nem te dês ao trabalho de ler o resto deste texto. Estas palavras não são para ti.

Ainda não percebeste que esta pausa é acima de tudo um excelente investimento e não um custo. Tens família? Tens obrigações financeiras a cumprir? Calma, há solução para tudo. A decisão deve ser partilhada, evidentemente. E no plano financeiro "basta" que tenhas acesso à informação. Depois, toma a decisão mais acertada para a tua vida. Tens ainda boas décadas pela frente: vais lutar por ser feliz ou… queixar-te pela eternidade?

Os jovens portugueses estão a mexer-se. A Gap Year Portugal está a colaborar com o Ministério da Educação para encontrar instrumentos que defendam os ousados e empreendedores, estimulando quem termina o 12.º ou a faculdade a tirar um ano para viajar — para te conheceres, valorizares, enfrentares mil e um desafios que farão com que te conheças melhor, amadureças, ganhes independência. Poderás identificar melhor aquilo de que gostas, o que realmente te motiva, o que te realiza e o que te ajuda a definir o caminho que te leva a uma existência estimulante.

O ano sabático está consagrado na lei de vários países evoluídos. Em Portugal, boa parte dos empresários ignorará as suas virtudes. E a classe política não parece também muito informada (e formada) quanto aos seus benefícios. Dito isto, no imediato, podes apenas contar com o teu inconformismo. Ganharás tu, porque serás mais feliz, os teus familiares e amigos, porque terão o melhor de ti em vez dos teus lamentos. Ganhará a entidade empregadora, pois voltarás mais valorizado, criativo, focado.

O que fazer neste ano?

O que fazer neste ano (não precisam ser mesmo 12 meses)? Quando começar? Durante quanto tempo? Obviamente, estas são perguntas para as quais importa ter uma resposta. Porém, tal como em viagem, um desafio de cada vez. Resolver cada questão a seu tempo. A boa notícia é que… serás tu a dar essas respostas. Tens almofada financeira? Viaja, conhece o mundo, perde-te no planeta. Será a forma mais entusiasmante de te reencontrares, chegares ao que te torna imparável.

Não conheço modo mais adequado de autoconhecimento do que expor-nos diariamente aos maiores desafios de viver fora da nossa zona de conforto. Tens projectos pessoais? Porque não dedicar-lhes, finalmente, o teu tempo e total energia? É muito duro olhar permanentemente para trás e pensar “se eu tivesse…”. Trabalha em voluntariado, estuda, aprende uma língua estrangeira, faz investigação, recicla-te profissionalmente, faz um estágio, escreve um livro. Há demasiadas coisas que podes fazer.

Queres apenas recuperar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ou simplesmente viver? Perfeito. Tu defines a tua prioridade. A tua empresa prevê licenças sem vencimento? Permitir-te-iam um salto mais controlado. Informa-te. O teu patrão nunca ouviu falar das suas vantagens? Esclarece-o. Se for um verdadeiro gestor, saberá que tem mais a ganhar. Um ano a ganhar "mundo" valoriza muito mais um "CV" do que 12 meses fechado num escritório a fazer mais do mesmo.

Claro que deves ponderar. Até para melhor organizares esse período, que poderá ser o mais decisivo para o resto da tua vida. Não partirás às "escuras". Foca-te no objectivo e age em conformidade. Prepara-o com tempo. Existe um conjunto de ferramentas que te podem ajudar.

Se aos 30, 40, 50 refazemos relações, assumimos a paternidade/maternidade e compramos casas/carros, porque não sermos também capazes de tomar as rédeas do que nos realiza? O mais difícil é sermos inertes e embalarmo-nos em queixumes. Eu sei que a sociedade exige muito de nós – bom emprego, bom carro, bela casa, excelente marido-mulher – mas chega de gastares as energias a cumprires as prioridades dos outros. Investe nas tuas!

Está na hora de te ouvires. Consta que só vivemos uma vez. O que pensas fazer com essa oportunidade única?

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