Geringonça “tem condições para chegar ao fim da legislatura”

António Costa sempre entendeu que não fazia sentido esta espécie de segregação estranha que havia de excluír algumas forças políticas da governação, assegura Diogo Lacerda Machado.

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Lacerda Machado aponta a passagem de Costa pela câmara de Lisboa para justificar a sua confiança na "geringonça" Rui Gaudêncio

O melhor amigo de António Costa considera que a actual solução governativa do Partido Socialista (PS), com apoio parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP) e Os Verdes (PEV) “tem condições para chegar ao fim da legislatura”.

Diogo Lacerda Machado admite que não é imparcial na análise até porque tem “uma admiração incontida” por António Costa, que considera “um extraordinário exemplo de dedicação cívica e um não menos extraordinário exemplo de uma pessoa capaz de fazer”.

Mas fora a imparcialidade, aponta, por exemplo, a passagem de António Costa pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) para justificar a sua confiança na "geringonça". “Foi eleito em 2007 com uma minoria pequena” e “foi construindo uma boa solução para o município. Com isso, foi levando a um reconhecimento crescente, acabando com uma expressiva maioria quando foi reeleito pela segunda vez”.

Agora, prossegue Diogo Lacerda Machado, “acredito que as pessoas, ao fim de um ano começam claramente a perceber” que António Costa, “não sozinho evidentemente, mas com os outros parceiros deste apoio parlamentar” começou “por mudar o sistema”. E esta é uma condição a que Diogo Lacerda Machado dá muita importância: “Este reingresso de partidos e de conjuntos políticos da maior importância para dentro do sistema foi uma alteração telúrica, uma movimentação das placas tectónicas e é, como se pode ver, uma solução que funciona”. E esta alteração é ainda mais importante porque “em primeiro lugar houve uma alteração significativa no sistema e ela é útil porque, sobretudo desde há um ano, há uma parte importante dos portugueses que conseguem rever-se também numa solução que lhes parecia interdita. E isso em si mesmo deve-se a António Costa e às suas ideias desde sempre. Ele sempre entendeu que não fazia sentido esta espécie de segregação estranha que havia”.

A solução de Governo “tem condições para chegar ao fim da legislatura”, prossegue Diogo Lacerda Machado, porque tem outra virtude: o trabalho efectuado por 12 economistas antes das eleições onde estava o actual ministro das Finanças. “Foi um trabalho para demonstrar o que parecia insusceptível de se conseguir”, ou seja, que, mesmo cumprindo o Tratado Orçamental, “havia escolhas de política económica que podiam ser feitas e elas aí estão. E não só estão, como estão a resultar”, assegura o assessor do primeiro-ministro. “Esta é a diferença essencial que permite pensar que faz sentido a continuidade com relativa solidez desta solução”. Uma solução que inverteu “aquilo que era um ciclo e um programa de regressão social, que não sei onde nos levaria”.

Diogo Lacerda Machado sublinha que a ideia de que era preciso diminuir os custos de trabalho para que a economia portuguesa voltasse a ter competitividade não levava a qualquer lado. “Servia o quê”, interroga-se. “Felizmente esta solução existe, funciona, e acredito que os fundamentos em que assenta são os que permitem dizer que faz sentido imaginar que a legislatura possa chegar até ao fim.”

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