Morreu Vera Rubin, a astrofísica da matéria escura do Universo

A investigadora confirmou a existência de matéria invisível no cosmos ao observar o movimento das galáxias.

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Vera Rubin em 1965 no Observatório Lowell em Flagstaff, EUA DR

A astrofísica norte-americana Vera Rubin, que confirmou a existência de matéria escura, um dos grandes mistérios do Universo, morreu domingo em Princeton, nos Estados Unidos. Tinha 88 anos.

Estava agora reformada do Departamento de Magnetismo Terrestre da Instituição Carnegie para a Ciência, na cidade de Washington. “Vera Rubin era um tesouro nacional na sua qualidade de astrónoma e um exemplo formidável para os jovens cientistas”, declarou o presidente da Instituição Carnegie, Matthew Scott, em comunicado.

Contratada pelo Departamento de Magnetismo Terrestre em 1965, Vera Rubin interessou-se rapidamente pelos movimentos das galáxias e a sua rotação. Nas investigações com o seu colega Kent Ford, nos anos 70, apercebeu-se de que, no centro das galáxias que estudava, a velocidade das estrelas parecia não obedecer estritamente às leis da gravidade da matéria que se via. Alguma coisa, que não a matéria visível, era responsável pelo movimento das estrelas nas galáxias. Deduziu assim a presença de uma matéria invisível à observação, a matéria escura, que não emite luz. Hoje sabe-se que apenas cerca de 5% da composição do Universo é matéria “normal”, visível, e que tudo o resto é invisível: quase 70% é energia escura e o restante é a matéria escura. Uma composição confirmada por muitas observações, incluindo a do telescópio espacial Planck.

A teoria da matéria escura já tinha sido proposta em 1933 pelo físico suíço Fritz Zwicky, do Instituto de tecnologia da Califórnia, mas foi Vera Rubin que confirmou a sua existência.

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Vera Rubin nos anos 70 Instituição CARNEGIE/AFP

Rejeitada pelo prestigiado programa de astronomia da Universidade de Princeton, que então só aceitava homens, Vera Rubin obteve finalmente os seus diplomas, primeiro pela Universidade de Cornell e depois pela Universidade de Georgetown. Foi uma defensora fervorosa das causas das mulheres. E a primeira mulher a ter acesso ao Observatório de Palomar, na Califórnia, em 1965. Em 1993, o então Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, atribuiu-lhe a Medalha Nacional da Ciência, a maior condecoração científica do país.

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