Polícia belga evitou seis atentados em dois anos

Director da judiciária de Bruxelas diz que 45% dos seus polícias estão focados no dossier do terrorismo.

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O vice-primeiro ministro e ministro do Interior belga, Jan Jambon, visita uma esquadra de polícia em Bruxelas na véspera de Natal AFP/NICOLAS MAETERLINCK

Nos últimos dois anos as autoridades policiais evitaram seis atentados que estavam a ser preparados na Bélgica, revelou o director da polícia judiciária de Bruxelas, Eric Jacobs numa entrevista ao diário La Dernière Heure. Sem entrar em detalhes, Jacobs explicou que o trabalho da polícia, em parceria com o Ocam (Órgão de Coordenação para a Análise das Ameaças), permitiu que, desde Novembro de 2014, fossem identificadas seis situações suspeitas ligadas à preparação de atentados.

A AFP recorda que a 15 de Janeiro de 2015, a polícia belga desmantelou, antes de esta poder entrar em acção, a chamada “célula de Verviers” (na parte oriental do país) que se suspeitava estar ligada aos jihadistas responsáveis pelas acções terroristas de 13 de Novembro de 2015 em Paris.

Apesar do sucesso desta acção, a 22 de Março deste ano, quatro dias depois da detenção em Bruxelas do único sobrevivente da operação de Paris, Salah Abdeslam, a capital belga foi cenário de um duplo atentado, no aeroporto e no metro, que provocou a morte de 32 pessoas.

“Desde os atentados de Bruxelas que lidamos com um fluxo muito importante de informações”, contou Eric Jacobs ao jornal. “Chegam-nos muito mais avisos do que antes. Recebemos cerca de 600 informações por dia.” Muitas delas são pistas que não levam a lado nenhum mas que não podem deixar de ser verificadas, explicou. “Se nos indicam que uma determinada viatura cinzenta é suspeita e se não verificamos essa informação e no dia seguinte há um atentado, vão dizer que sabíamos e que não agimos.”

Neste momento, 45% dos efectivos da polícia judiciária federal de Bruxelas “estão mobilizados para os dossiers do terrorismo”, sublinhou, acrescentando, contudo, que “é evidente que é preciso continuar a reforçar” os serviços policiais, até porque os grupos radicais continuam a multiplicar-se. "Temos mais de 200 nacionalidades diferentes na capital. Não há apenas o Daesh. Há outros movimentos radicais."

A ameaça terrorista na Bélgica está no nível 3 de 4, que significa “possível e verosímil”, e deverá manter-se assim durante as festas de passagem de ano.

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