Mais de metade das brasileiras não quer engravidar com medo do Zika

Inquérito a mulheres entre os 18 e 39 anos feito em Junho foi agora revelado.

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Reuters/RICARDO MORAES

Mais de metade das mulheres brasileiras em idade fértil estão a evitar a gravidez por causa do surto de Zika que atingiu o país desde 2015, revela uma sondagem conhecida nesta sexta-feira.

O inquérito, divulgado pelo Jornal de Planeamento Familiar e Saúde Reprodutiva, foi realizado em Junho passado, a 2002 mulheres com idades entre 18 e 39 anos, educadas e que vivem em áreas urbanas. Estas correspondem a 83% do total da população feminina, avança a AFP.

As mulheres foram questionadas sobre gravidez e aborto. Esta última questão foi feita de forma anónima, uma vez que o aborto é proibido pela legislação brasileira, excepto em casos de violação ou quando a vida da mãe está em perigo. Assim, 50% das mulheres responderam que têm evitado ficar grávidas por causa do Zika; 27% disseram que não tinha tomado qualquer precaução, e as restantes 16% não desejavam engravidar, independentemente da epidemia.

O vírus Zika afecta sobretudo a América Latina e pode causar anormalidades cerebrais graves em recém-nascidos cujas mães foram infectadas. O Brasil é o país mais afectado e já tem cerca de 2000 casos potencialmente relacionados com a microcefalia.

Para os autores deste estudo, os resultados devem encorajar o Brasil a "reavaliar a sua política de saúde reprodutiva para assegurar um melhor acesso à informação e métodos anticoncepcionais", e também a rever a sua política de "criminalização do aborto", cita a AFP.

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