No mesmo dia, Trump e Putin falaram em reforçar o arsenal nuclear russo e dos EUA

No Twitter, Donald Trump afirmou que os EUA precisam de "fortalecer e expandir a capacidade nuclear". Vladimir Putin defendeu que a Rússia tem de “reforçar a capacidade de combate das forças nucleares estratégicas".

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AFP/SAUL LOEB

Vladimir Putin começou. Afirmou que um objectivo da Rússia para 2017 é “aumentar a capacidade de combate das forças nucleares estratégicas”. Donald Trump, o Presidente eleito dos Estados Unidos, rematou, num tweet sem mais explicações: os EUA “têm de fortalecer e expandir a sua capacidade nuclear até que o mundo ganhe juízo no que respeita às armas nucleares”.

Causou estranheza que Trump e Putin expressassem publicamente o desejo de reforçar os programas nucleares dos EUA e da Rússia no mesmo dia. O recém-nomeado porta-voz do Presidente-eleito americano teve de vir esclarecer que Trump se referia “à ameaça da proliferação nuclear e à necessidade urgente de a prevenir – em especial de evitar que organizações terroristas e regimes fora da lei tenham acesso a estas armas”, relata a Reuters.

Não tinha ficado nada claro se Trump respondia às declarações do Presidente russo, ou se o tweet tinha a ver com o encontro com uma dezena de generais e dirigentes do Pentágono responsáveis por compras de defesa, bem como com directores da Lockheed Martin e da Boeing, para discutir os planos de modernização do armamento nuclear americano, diz a Reuters.

Equipamentos chegam ao fim da validade

Durante a próxima década, os submarinos, mísseis balísticos e bombardeiros nucleares – os três ramos da tríade nuclear – americanos vão chegar ao fim da sua vida útil. A maior parte das armas e equipamentos nucleares dos EUA tem entre 25 e 62 anos – foram fabricadas durante os anos da Guerra Fria e da corrida ao armamento que opôs o país à já desaparecida União Soviética.

Calcula-se que modernizar o arsenal atómico dos EUA custe cerca de um milhão de milhões de dólares, ao longo de três décadas – segundo estimativas independentes, citados pela Reuters.

Quanto a Putin, as suas declarações, feitas no Ministério da Defesa, surgem num contexto de crescente confronto com o Ocidente, em que Moscovo não tem hesitado em puxar da retórica da ameaça nuclear, desde a anexação da Crimeia e da guerra na Ucrânia. Durante o Verão, movimentou mísseis Iskander M, que podem ser carregados com ogivas nucleares, para o enclave russo de Kalininigrado, entre a Polónia e a Lituânia, na costa do mar Báltico.

No discurso desta quinta-feira, Putin disse que a Rússia tem de apostar “principalmente no reforço de complexos de mísseis que garantidamente penetrem nos actuais e futuros sistemas de defesa antimíssil”, relata a Associated Press.

Os tratados START, de redução das armas estratégicas, assinados pela Rússia e pelos Estados Unidos, não impedem os dois países de modernizar as suas forças estratégicas.Permitem reduzir arsenais, acabando com as armas mais antigas, para investir em novas tecnologias. 

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