Acções do Monte dei Paschi caem 7,5% com resgate à porta

Maior banco italiano viveu dia de grande volatilidade em bolsa.

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O Monte dei Paschi di Siena é o banco mais antigo do mundo e o terceiro maior em Itália Reuters/MAX ROSSI

O banco italiano Monte dei Paschi di Siena (BMPS) prepara o terreno para receber ajuda do Estado. As acções do banco viveram mais um dia de grande volatilidade. A sessão começou com os títulos a caírem perto de 8%, mas quando o clima parecia ter desanuviado voltou a assistir-se a uma forte desvalorização dos títulos, que acabaram por fechar a cair 7,5% (para 15,08 euros), agravando as perdas da véspera. Com os holofotes dos investidores voltados para Itália, a pressão recaiu também sobre os juros da dívida (prazo de dez anos), com subidas acompanhadas por outros países periféricos, como Espanha e Portugal.

O BMPS recebeu manifestações de interesse para converter obrigações em acções na ordem dos 2450 milhões de euros, mas falhou a parte da recapitalização através da entrada de um novo investidor. Ao não garantir a presença do fundo soberano do Qatar, chegar aos 5000 milhões de euros de recapitalização com dinheiro dos privados tornou-se um objectivo quase impossível.

Para cumprir até ao final do ano os rácios de capital definidos pelo Banco Central Europeu (BCE), a instituição – a mais antiga do mundo em actividade e a terceira maior do sistema bancário italiano – tem de conseguir aumentar o capital naquele montante. O objectivo é atingir um nível de capitalização suficiente para dar o passo seguinte no processo de reestruturação do banco, sob grande pressão para estabilizar o seu balanço.

O plano prevê a venda, em pacote, de 28 mil milhões de euros de crédito malparado, mas para isso terá de ter capital suficiente para poder cobrir perdas que venha a assumir com as imparidades ao vender esses créditos em incumprimento.

Com as dificuldades, já esperadas, de o BMPS levar o processo de recapitalização a bom porto, o Governo italiano está a acompanhar de perto a necessidade de uma intervenção pública, um cenário que os analistas de mercado consideram cada vez mais provável.

O executivo de Paolo Gentiloni, recém-nomeado primeiro-ministro, ficou esta semana em condições de poder dar esse passo, ao ver aprovada no Parlamento a autorização para mobilizar 20 mil milhões de euros o sistema bancário italiano, onde outros bancos enfrentam dificuldades, como são os casos do Carige, Veneto Banca e Banca Popolare di Vicenza.

“A situação [da banca italiana] arrasta-se há anos sem uma solução clara. Agora, há uma solução à vista”, comentou à Reuters Lorenzo Codogno, da empresa de análise de mercado Macroeconomic Advisers, admitindo que o mecanismo em marcha para estabilizar o sistema bancário será “bem-recebido pelos mercados financeiros e será uma vantagem para a economia” italiana.

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