PSD-Lisboa pode formalizar defesa de candidato próprio à câmara

Muitos sociais-democratas consideram que decisão de Passos Coelho no sentido de dar o apoio ?do partido à centrista Assunção Cristas pode ser fatal numa futura disputa interna

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Nuno Ferreira Santos

A concelhia de Lisboa do PSD pode vir a tomar uma posição formal sobre a necessidade de um candidato próprio do partido na capital — e assim rejeitar uma coligação com o CDS — ainda antes do final do ano. A possibilidade de os dois partidos virem a fazer uma aliança, para que o PSD apoie a candidatura da líder centrista, Assunção Cristas, continua a agitar os sociais-democratas.

O PÚBLICO apurou que a comissão política concelhia se pode reunir nas próximas semanas com a questão de Lisboa na agenda. Rodrigo Gonçalves, vice-presidente da concelhia, defende que uma coligação autárquica com o CDS seria “contranatura” e que o PSD devia ter um candidato próprio à Câmara de Lisboa. O dirigente local e conselheiro nacional diz esperar que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, cumpra o compromisso de ouvir as estruturas locais. Mas, à luz do estatutos do partido, o presidente pode avocar o dossier da candidatura de Lisboa e não acompanhar a posição da concelhia.

A necessidade de o PSD ter um candidato próprio em Lisboa — ainda que possa ser um independente — é partilhada por muitos sociais-democratas ouvidos pelo PÚBLICO que consideram inaceitável uma coligação com o CDS e o apoio a Assunção Cristas. Alguns dirigentes acreditam mesmo que essa decisão pode ser fatal para o líder do partido, numa futura disputa eleitoral interna. Até porque o desconforto face ao processo autárquico é mais do que muito: o PSD ainda não tem candidatos na maioria das capitais de distrito.

No Porto, onde o PSD também não tem a vida autárquica facilitada, tem vereadores em ruptura com as estruturas do partido ou que passaram até para a equipa do independente Rui Moreira, que Assunção Cristas já deixou claro que  continuará a ser apoiado pelo CDS e que conta ainda com o apoio do PS, ainda que a questão não seja consensual entre os socialistas. Para fazer frente a este grande bloco, o PSD não teve grande facilidade em encontrar um candidato, mas agora parecia razoavelmente unido à volta do nome do independente Álvaro Almeida, professor da Faculdade de Economia do Porto e presidente do conselho estratégico do PSD-Porto.

Sucede que anteontem à noite, no plenário de militantes da concelhia social-democrata do Porto, o  líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Luís Artur, aproveitou o palco para proclamar que considera “inadmissível” que o candidato ao Porto em 2017 não seja um militante social-democrata.

Um dirigente do partido disse ao PÚBLICO que o deputado municipal acredita que ainda há tempo útil para se encontrar uma personalidade com carisma para disputar as eleições com Rui Moreira.

Passos atento a Aveiro

Semanas depois de o líder da distrital de Aveiro, Salvador Malheiro, ter participado em iniciativas do PSD com Rui Rio, Passos Coelho foi ao jantar de Natal, na passada segunda-feira, organizado pela comissão política da distrital. O líder do partido aceitou o convite pessoal de Salvador Malheiro para estar presente e foi acompanhado pelo secretário-geral do PSD, José Matos Rosa.

“Ficámos satisfeitos com a importância dada à nossa distrital”, disse ao PÚBLICO Salvador Malheiro, confirmando que no jantar esteve a maioria dos presidentes de câmara da região e dos deputados eleitos por Aveiro. O líder do PSD — que não divulgou esta iniciativa na sua agenda — foi assim marcar terreno naquela estrutura partidária, depois de o líder da distrital ter participado num almoço com empresários e em que esteve Rui Rio. Poucos dias antes, Salvador Malheiro também acompanhou o ex-autarca do Porto num jantar de Natal da concelhia do PSD de Castelo de Paiva. As duas iniciativas em que esteve ao lado de Rui Rio, que já anunciou a disponibilidade para uma candidatura à liderança do PSD em 2018, deram que falar entre os sociais-democratas. com Margarida Gomes

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