Bahamas Leaks revelam mais ligações à Rússia do secretário de Estado escolhido por Trump

Rex Tillerson é, há vários anos, director de uma subsidiária da ExxonMobil na Rússia, com sede num paraíso fiscal, agravando os receios de existência de conflitos de interesse.

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Rex Tillerson com Vladmir Putin em Moscovo em Abril de 2012 Reuters/SPUTNIK

A polémica em torno da nomeação de Donald Trump para o primeiro lugar da hierarquia na diplomacia norte-americana promete continuar bem viva. A acrescentar às preocupações já geradas, tanto no Partido Democrata como no Republicano, pela sua ligação forte à Rússia e aos potenciais conflitos de interesse gerados pelos negócios internacionais da petrolífera a que preside, o The Guardian revela agora que Rex Tillerson é director da subsidiária russa da Exxon, uma empresa com sede no paraíso fiscal das Baamas.

Segundo o jornal britânico, os documentos revelados no âmbito do Bahamas Leaks ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação mostram que o actual CEO da ExxonMobil tem sido director da Neftegas desde 1998. A empresa tem, além de Tillerson, outros directores com residência nos Estados Unidos e na Rússia, aproveitando as condições favoráveis das Baamas para se registar.

Esta nova informação vem, para além das dúvidas que se possam colocar pela utilização de um paraíso fiscal, reforçar a ideia de que o gestor escolhido por Trump para o cargo de Secretário de Estado (o equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros nos Estados Unidos) tem fortes ligações à Rússia.

A ExxonMobil, do qual Rex Tillerson tem sido CEO e da qual detém actualmente mais de 200 milhões de dólares em acções, é a maior empresa petrolífera do mundo e tem tentado desenvolver negócios na Rússia.

Em 2013, Tillerson recebeu das mãos de Vladimir Putin a Ordem Russa da Amizade, na sequência da assinatura entre a ExxonMobil e a petrolífera russa Rosneft para a exploração de reservas no Mar Ártico junto à Rússia.

Esse acordo acabou por não se concretizar devido às sanções que, a partir de 2014, foram impostas pelos Estados Unidos à Rússia devido à intervenção de Moscovo na Crimeia. Como CEO da ExxonMobil, manifestou publicamente o seu desacordo com a política de sanções.

Apesar de ser visto como inevitável que Tillerson venda as suas acções da ExxonMobil antes de tomar posse, o risco de conflito de interesses na sua futura actividade como secretário de Estado constitui uma preocupação entre os membros do Senado, que têm ainda a possibilidade de vetar a escolha do Presidente eleito.

Se é verdade que o Partido Republicano está em maioria no Senado, parece cada vez mais evidente que, relativamente a esta nomeação, Trump corre o risco de ver membros do seu partido votarem ao lado dos Democratas. Senadores como John McCain e Marco Rubio já manifestaram dúvidas em relação ao perfil do nomeado.

As relações da futura Casa Branca com a Rússia de Putin ganham ainda mais relevância numa fase em que a Administração Obama está a endurecer o discurso em relação a Moscovo por causa da alegação de interferência que hackers russos poderão ter tido na evolução das eleições presidenciais realizadas este ano nos Estados Unidos.

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