Rankings e rankings!

Os resultados escolares mostram a qualidade dos alunos que fazem exames, não a dinâmica e o mérito das escolas.

Pelo 16.º ano consecutivo, a imprensa apresenta uma graduação dos estabelecimentos de ensino, a que erradamente designa de "ranking de escolas", pois híper valoriza os resultados dos exames, ignorando ou não dando a ponderação devida a critérios fundamentais.

Trata-se de uma tabela classificativa injusta e desproporcionada que, embora reconheça cada vez mais a sua melhoria, está longe de ser justa e abrangente das funções atribuídas à instituição Escola.

A tabela classificativa que gradua as escolas pelos resultados dos exames dos seus alunos, é analisada pelas escolas e, ao mesmo tempo relativizada, pois retrata parte da dimensão do aluno: os resultados escolares (mostram a qualidade dos alunos que fazem exames, não a dinâmica e o mérito das escolas). Onde se encontram valoradas as competências sociais com que um aluno sai da escola? Porque não é atribuído o devido valor ao progresso/evolução do aluno?

É de enaltecer o aparecimento do novo indicador de sucesso (Percursos diretos de sucesso) – que há muitos anos tem sido reclamado –, tendo curiosidade em perceber como vai ser utilizado pela imprensa. Parece-me que este critério é bastante importante, pois demonstra o progresso/evolução do aluno desde a sua entrada na escola até à respetiva saída.

Outra novidade na tabela deste ano é a introdução dos resultados dos exames dos alunos externos no secundário, excluídos nos anos anteriores deste trabalho. Parece-me ter sido dado um sinal positivo, fazendo aumentar a credibilidade, mas ainda muito distante do minimamente desejável.

No futuro é aconselhável adotar alguns dos critérios que a seguir enumero, inexistentes ou ainda sobrevalorizados, tais como: a qualidade dos alunos (empenhados, estudiosos, faltosos…), o efeito da escola sobre os alunos (valor que acrescenta, desde que o aluno entra até que sai da escola), o número de alunos e seus percursos escolares, a estabilidade do corpo docente, o nível socio-económico dos pais e da região onde a escola se insere, a motivação dos alunos e famílias, o efeito das explicações, os apoios extra sala de aula, etc..

A importância desta tabela, depende do que cada um de nós pretende fazer com os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, e trabalhados pela comunicação social. As escolas atribuem-lhe uma importância relativa, atendendo à inexistência de outros critérios bem mais pertinentes.

Com base nesta falsa tabela classificativa não é sério dizer que a escola detentora do 1.º lugar é a melhor e a classificada em último, a pior. E se assim não é, pergunto: obteriam os alunos da escola melhor classificada o mesmo resultado, se a escola estivesse inserida no território educativo da escola classificada em último lugar, com os alunos desta? Os alunos da escola colocada em último lugar conseguiriam uma classificação melhor se frequentassem a instituição detentora do lugar cimeiro?

Talvez tenha mais interesse elaborar uma tabela que gradue as escolas tendo em conta a preparação dos alunos para o sucesso no ensino superior, ou outra que atribua a devida ponderação ao valor acrescentado pela escola no aluno durante o seu percurso escolar (optimizando o novo indicador de sucesso referido).

Seja como for, estão de parabéns todas as escolas que, atendendo às diversas e singulares características, obtiveram resultados positivos demonstrativos do excelente trabalho diariamente efetuado pelos nossos professores. 

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