PT negoceia poupanças na TDT com SIC e TVI

Depois do acordo com a RTP, a empresa da Altice avança com reuniões com os canais da Impresa e da Media Capital.

Foto
A TDT arrancou em 2012, quando Zeinal Bava liderava a PT, Miguel Relvas era ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e o presidente da Anacom era José Amado da Silva RUI GAUDENCIO

A PT, que detém a concessão da Televisão Digital Terrestre (TDT), vai iniciar nos próximos dias negociações com a TVI e com a SIC no sentido dos dois operadores privados pagarem menos pela sua presença nesta plataforma.

A ideia, refere o presidente da PT Portugal, Paulo Neves, é reflectir os ganhos de eficiência alcançados pela empresa que lidera, e que já foram reflectidos na relação contratual com a RTP.  Agora, diz Paulo Neves, a PT “vai falar com a SIC e a TVI para mostrar, proactivamente, que também podem beneficiar da eficiência” alcançada. 

Questionado sobre até onde poderiam descer os preços, o gestor afirmou apenas que “o ganho de eficiência tem a ver com o espaço que cada um ocupa”. “Este é um processo negocial, nem sequer seríamos obrigados a fazê-lo. Demonstra o posicionamento que queremos ter: aquilo que conseguimos racionalizar queremos reflectir em mais produtos para os clientes”, sublinhou, sem deixar de vincar que este processo não resulta de “quaisquer medidas regulatórias ou administrativas”.

Desde o início de Dezembro que a RTP tem mais dois canais na TDT, a RTP 3 e a RTP Memória, que se vieram juntar à RTP1, RTP2, SIC, TVI e o canal Parlamento.

A medida surge na sequência de uma decisão do Governo (aprovada em Julho no Parlamento e promulgada em Agosto), onde ficou também estabelecido que nem a RTP 3 nem a RTP Memória podem ter publicidade. Isto para “não pôr em causa a sustentabilidade da oferta assegurada” pelos privados.  

Em entrevista recente ao PÚBLICO, o presidente da televisão pública, Gonçalo Reis, adiantou que, na sequência da negociação com a PT, o valor unitário por canal deveria passar a ser inferior ao que era a prática (3,5 milhões por ano), embora o aumento do número de canais viesse trazer um custo acrescido à emissora.

Entre 15% e 23% da população portuguesa apenas tem acesso à TDT (ou seja, não é cliente de televisão paga), que pode comportar ainda mais dois canais privados. No entanto, estes têm de ser atribuídos através de concurso público, algo que poderá acontecer em 2017.

No evento de apresentação dos dois canais da RTP na TDT, o ministro da cultura, Luís Castro Mendes, assegurou que o executivo prevê lançar o concurso no próximo ano, embora ainda não tenha havido contactos formais nesse sentido com os reguladores (a ERC e a Anacom).

Sugerir correcção
Comentar