Consumo de cocaína baixa em Lisboa e no Porto e sobe ligeiramente em Almada

Observatório Europeu da Droga voltou a analisar águas residuais para aferir vestígios de consumo de drogas. Os vestígios de ecstasy aumentaram em Lisboa e no Porto, mas tal poderá dever-se a um aumento do grau de pureza daquela droga.

Foto
Porque as drogas que se usam são excretadas na urina e acabam nos esgotos, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência voltou a analisar este ano as águas residuais em mais de 50 cidades de 18 países Daniel Rocha

O consumo de cocaína diminuiu em Lisboa e no Porto e aumentou ligeiramente em Almada. A prova disso está nas águas residuais. Porque as drogas que se usam são excretadas na urina e acabam nos esgotos, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência voltou a analisar este ano as águas residuais em mais de 50 cidades de 18 países europeus.

E as amostras recolhidas em Março, para avaliar os consumos de anfetaminas, cocaína, ecstasy e metanfetaminas num universo de mais de 25 milhões de pessoas, concluíram que os vestígios de cocaína são mais elevados nas águas residuais das cidades ocidentais e do Sul da Europa, particularmente em países como a Bélgica, Países Baixos, Espanha e Reino Unido.

No caso português, o consumo de cocaína aumentou apenas em Almada. E mesmo assim apenas ligeiramente: passou de 63,6 miligramas por mil pessoas por dia em 2015, para os 68,1 gramas por mil pessoas por dia em 2016. Já em Lisboa, onde este consumo é tradicionalmente mais alto, o consumo baixou dos 264,33 gramas/100 pessoas/dia de 2015 para os 257,9 gramas deste ano. O Porto, por seu turno, baixou dos 92,4 gramas em 2015 para os 90,1 gramas/1000 pessoas/dia em Março último.

Quanto ao ecstasy, dá-se o inverso: baixou em Almada e subiu ligeiramente no Porto e em Lisboa. Almada registou consumos médios de 6,03 gramas/1000 pessoas/dia em 2015 para os 2,8 gramas deste ano. O Porto subiu de 10,27 gramas para os 10,78 e Lisboa dos 22,9 para os 26,9 gramas. Ao PÚBLICO, Liesbeth Vandam, coordenadora do estudo, ressalvou, contudo, que a maior presença de vestígios poderá estar relacionada com um aumento da oferta e do consumo, sim, mas também com “o aumento do grau de pureza”.

Liesbeth Vandam diz que as diferenças de consumo verificadas nas diferentes cidades portuguesas têm razões “sociais e demográficas”, que remetem para a existência de concentrações de estabelecimentos universitários e de locais de animação nocturna.

Numa análise mais global, faz notar que os níveis de consumo na maior parte das cidades europeias “são negligenciáveis”, sendo que Lisboa, estando muito atrás de cidades como Londres, Barcelona e Milão, fica bastante à frente de outras como Zagreb, Oslo, Helsínquia e Reijkiavik.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários