Egipto quer exportar crocodilo-do-nilo para sair da crise

Exportar um crocodilo-do-nilo pode valer ao país 400 dólares, cerca de 370 euros.

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O crocodilo-do-Nilo é muito procurado pela boa qualidade da sua pele e será essa a finalidade da sua exportação MARIO ANZUONI/REuters

O Governo do Egipto quer começar a exportar o crocodilo-do-nilo, espécie africana que actualmente se encontra confinada ao lago Nasser. Esta foi a medida encontrada para fazer frente à crise económica e financeira que o país enfrenta. Prevê-se que a exportação tenha início em 2020.

Na semana passada, o Ministro do Ambiente egípcio, Jaled Fahmi, declarou, numa comissão do parlamento, que a criação de crocodilos-do-nilo tem retorno económico para o país e que pode ser a chave para sair da crise. "Um crocodilo vende-se a 400 dólares (370 euros)”, afirmou, citado pelo jornal espanhol El Mundo.  

Fahmi acrescentou que já há um plano de negócio para a exportação dos crocodilos, pensado por uma empresa egípcia, que trabalhou em conjunto com especialistas da Zâmbia e da África do Sul. Estes animais são muito procurados pela boa qualidade da sua pele e será essa a finalidade da sua exportação.

As populações de crocodilo-do-nilo, no Egipto, estão confinadas ao lago Nasser, na fronteira com o Sudão, a sul do país, devido à construção da barragem de Assuão, a maior de África.

Nur Nur, coordenador da Nature Conservation Egypt, uma organização não-governamental que apela à protecção do patromónio natural do país, em declarações ao El Mundo, alerta que é preciso conhecer o estado das populações de crocodilos-do-nilo no lago Nasser “antes de se tomar uma decisão sobre o seu uso comercial”.

É que os investigadores não conhecem ao certo a população destes crocodilos no lago Nasser. Estimativas apontam para números entre 3 000 e 15 000 crocodilos, mas as tentativas de estudar estas populações fracassaram por falta de financiamento e recursos.

A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas (CITES, na sigla em inglês) determinou que esta espécie deixou de estar em perigo de extinção em 2010 e desde essa altura que permite a sua comercialização, de acordo com algumas regras e restrições.

“A CITES não proíbe o Egipto de exportar o crocodilo-do-nilo, mas até agora, ao contrário de outros países africanos, não tínhamos quota de exportação porque não tínhamos experiência na criação desta espécie”, explicou o ministro do Ambiente.

Mas Nur Nur sugere que se façam mais estudos sobre esta espécie antes de se partir para a exportação. “Infelizmente, não se aplica a lei de maneira adequada nos problemas da caça ilegal, nem se pensou no potencial do ecoturismo”, diz ao El Mundo.

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