Filmaram o "fantasma" da Vandoma e ganharam um prémio

Bernardo Bordalo, Bruno Lança e Rui Oliveira filmaram a Vandoma quando a feira ainda se realizava nas Fontainhas. Os três jovens foram os vencedores do melhor filme de escola no Porto/Post/Doc.

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O documentário mostra o ambiente que se viveu na última madrugada e manhã da Feira da Vandoma nas Fontainhas Fernando Veludo/NFactos
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Estamos em 2015. São cinco da manhã nas Fontainhas. O comboio circula em direcção à estação de São Bento — fim de linha. O trânsito na Ponte do Infante já é visível. Homens e mulheres carregam caixas, estendem os panos e começam a montar as bancas para mais uma Vandoma, com vista para o rio Douro. Na feira de artigos usados mais famosa do Porto, os vendedores estão inquietos. Há rumores de que, em breve, terão de reinventar a actividade que preenche as manhãs de sábado. O adeus às Fontainhas pode estar próximo. Estas dúvidas chegaram aos ouvidos de Bernardo Bordalo, Bruno Lança e Rui Oliveira e foi neste clima de incerteza que decidiram documentar uma tradição da cidade. Os três estudantes da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa (entre os 24 e os 25 anos) concorreram ao Porto/Post/Doc e foram os vencedores do melhor filme de escola com “Vandoma”.

O documentário de 12 minutos mostra o ambiente que se viveu naquela madrugada e manhã na Feira da Vandoma, antes de ser transferida para a Avenida 25 de Abril, na freguesia de Campanhã. No ar pairava a ideia de que a feira ia mudar de localização, mas ninguém sabia ao certo quais as razões por trás deste desfecho. “Havia a possibilidade de um hotel espanhol ser comprado naquele local, outros diziam que a feira tinha de ser mudada porque não estava regulamentada nas Fontainhas e ainda vimos uma notícia acerca de uma manifestação dos feirantes da Vandoma. E foi tudo isto que nos fez filmar a feira”, explicou ao P3 Bernardo Bordalo, formado em Som e Imagem na Universidade Católica, tal como os dois colegas.

A partir de uma proposta escolar para uma unidade curricular surgiu uma curta-metragem que explora um tema que os três jovens consideram “relevante” para a cidade. Residentes no Porto, Bernardo, Bruno e Rui procuram mostrar um ponto de vista muito próprio sobre a Vandoma, descrevendo os passos que caracterizam esta feira. Desde o percurso de um vendedor que chega às Fontainhas de madrugada com todo o material à montagem das bancas, da exposição dos produtos até à discussão e venda. “Vandoma é um documentário de observação em que procuramos retratar a nossa experiência. Apesar dos rumores tentamos não tomar um partido acerca da mudança de localização, até porque consideramos que o maior problema é o barulho em torno da feira e isso é mostrado no documentário”, diz Rui Oliveira. “Queremos deixar espaço a quem vê o filme para pensar e tirar as suas próprias ideias”, acrescenta Bernardo Bordalo.

O documentário, produzido pelo colectivo artístico Berru, sediado no Porto, venceu o prémio de melhor filme de escola na terceira edição do Porto/Post/Doc. Já a trabalhar numa curta-metragem de ficção, os três realizadores ficaram surpreendidos e satisfeitos com a distinção. “Ser seleccionado para um festival que está a trazer o cinema documental para o Porto e vencer a competição de School Trip foi um momento incrível para nós”, confessa Bernardo Bordalo.

A última edição do Porto/Post/Doc, que decorreu de 26 de Novembro a 4 de Dezembro, incluiu cerca de 100 filmes de 31 países e quatro continentes, dos quais 41 foram longas-metragens e 44 curtas-metragens. O concurso atribuiu o Grande Prémio do festival a Eldorado XXI, uma longa-metragem de Salomé Lamas que conta a história de uma comunidade de mineiros instalada a 5.100 metros de altitude, em La Rinconada y Cerro Lunar, nos Andes peruanos. Um outro filme português, Ama-san de Cláudia Varejão, recebeu o Prémio Teenage, atribuído por um júri composto por alunos de escolas secundárias e profissionais do Grande Porto. O Festival Internacional de Cinema já tem regresso marcado para 2017, entre 29 de Novembro e 3 de Dezembro.

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