“Corrupção atingiu os mais variados serviços públicos”, avisa director da PJ

"Estamos a prender um corrupto de três em três dias", diz Almeida Rodrigues.

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Almeida Rodrigues defende que todos os crimes de corrupção deveriam ser investigados pela PJ NFACTOS/FERNANDO VELUDO

“A corrupção em Portugal atingiu não só diversos sectores de actividade económica, mas também os mais variados serviços públicos”. A afirmação é do director da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, que falava esta sexta-feira de manhã numa conferência promovida por esta corporação sobre o tema, para assinalar o dia mundial de combate ao fenómeno.

“Estamos a prender um corrupto de três em três dias. Nos primeiros 11 meses do ano detivemos 119 pessoas suspeitas desse crime”, contabilizou mais tarde, em declarações aos jornalistas. “Temos tocado em todos os sectores da administração pública e da sociedade. Significa que vamos até onde for preciso.” Apesar de não ter dado aludido a casos concretos, a detenção de altos dirigentes da administração pública no processo dos vistos gold, cujo julgamento deverá começar em Janeiro, é um exemplo claro daquilo a que se refere Almeida Rodrigues, e que chegou a ser descrito pela magistrada do Ministério Público que produziu a acusação neste processo como um “problema endémico no aparelho de Estado”.

Almeida Rodrigues defende que todos os crimes de corrupção deveriam ser investigados pela PJ: "Nós respeitamos as decisões do Ministério Público. Mas obviamente que eu gostaria que todos os crimes de corrupção fossem investigados pela PJ. A realização da investigação destes inquéritos-crime deve, preferencialmente, ser feita pela Judiciária", defendeu, sem particularizar casos concretos. Recorde-se, contudo, que no caso da Operação Marquês, no âmbito da qual o ex-primeiro-ministro José Sócrates esteve detido, é a Autoridade Tributária a desempenhar o papel que costuma caber à Polícia Judiciária, por causa dos crimes tributários que também estarão em causa.

De acordo com o relatório divulgado nesta sexta-feira pela Procuradoria-Geral da República, nos anos judiciais de 2014/2015 e 2015/2016 foram registados 3360 inquéritos relativos a crimes de corrupção e criminalidade conexa (abuso de poder, administração danosa e branqueamento, por exemplo). No mesmo período temporal foram deduzidas 297 acusações e arquivados 1673 inquéritos, tendo sido aplicado o instituto da suspensão provisória do processo em 129 inquéritos.

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