Muhammad Ali reconhecido como Pugilista do Ano meio século depois

Ali viu esta honra ser-lhe negada em 1966 pela sua posição contra a Guerra do Vietname e pelas ligações religiosas.

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Muhammad Ali eleito postumamente Pugilista do Ano de 1966 AFP/STR

A mais conhecida revista de boxe no mundo, The Ring, distinguiu o norte-americano Muhammad Ali como Pugilista do Ano de 1966. Passaram 50 anos até a revista especializada, primeiro em desportos de combate e actualmente apenas em boxe, dos Estados Unidos da América, decidir agraciar postumamente o atleta falecido no passado dia 3 de Junho, após os editores da altura se terem negado a entregar ao atleta este título devido às suas posições políticas e religiosas.

Muhammad Ali, considerado em 1999 “O desportista do século” pela Sports Illustrated, teve em 1966 uma das suas melhores épocas. Nesse ano,  ganhou os cinco combates em que participou. Aos 24 anos a carreira do peso-pesado encontrava-se no ponto mais alto. O pugilista de Louisville, Kentucky, manteve o título mundial durante todo o ano. Começou por vencer George Chuvalo a 29 de Março, em Toronto, no Canadá, e acabou por derrubar Cleveland Williams com um KO técnico (TKO), em Houston, Texas, a 14 de Novembro de 1966.

Pelo caminho Muhammad Ali fez uma digressão europeia, tendo derrotado Brian London e Henry Cooper, em Londres, e em Frankfurt, na Alemanha Ocidental, o pugilista norte-americano também obrigou o árbitro a interromper o combate por considerar que o rival não estava capaz de continuar.

O actual editor da The Ring, Michael Rosenthal, explicou que os anteriores editores "estavam claramente convencidos de que Ali, apesar de ser extremamente talentoso no ringue, não cumpria com outros critérios que eram considerados importantes". Rosenthal admitiu que, não obstante o facto de achar que "foi uma injustiça, dadas as estatísticas”, também não concorda com “algumas ideias e atitudes de Ali" da altura. 

Ali, que esteve impedido de lutar durante três anos, por se negar a participar na Guerra do Vietname, regressou aos ringues em 1970 e foi escolhido como Pugilista do Ano em 1972, 1974, 1975 e 1978, para além da sua primeira distinção em 1963. 

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