Zootrópio, uma curta de videoarte à chuva, vence o 2.º Loops.Lisboa

Prémio atribuído no âmbito do Festival Temps d’Images entregue a Tiago Rosa-Rosso.

Foto
Zootrópio DR

Uma imagem que circula, uma janela que permanece e vozes e pessoas que interagem numa espécie de compreensão e incompreensão mútua. Zootrópio, de Tiago Rosa-Rosso Carvalhas, é uma curta de videoarte à chuva que venceu a 2.ª edição do Loops.Lisboa, a competição anual de imagem em movimento que se realiza no âmbito do Festival Temps d’Images Lisboa.

O filme, de cerca de 13 minutos, está, com os restantes dois finalistas (Today, I am just a butterfly sending you a sentence, de Patrícia Almeida, e Laje Branca, de Pedro Vaz), em exposição no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) do Chiado, em Lisboa, até 22 de Janeiro. É uma peça que o júri, composto pela curadora Emília Tavares, pelo artista norte-americano e pioneiro da videoarte Gary Hill e pelo coleccionador e designer Miguel Leal Rios, escolheu por se apropriar da lógica do loop que dá nome ao prémio de forma singular.

“Fazendo uso da memória tecnológica de um dispositivo pertencente à arqueologia do cinema, e que se reflecte no próprio nome da obra vencedora”, escreve Emília Tavares, presidente do júri, o jovem autor “constrói um duplo diálogo cuja estrutura se desdobra ciclicamente sob uma lógica contaminante. O modelo de construção do loop é elaborado e aprofundado em diferentes camadas, sendo trabalhado tanto na produção das imagens como na construção dos diálogos e da sua interacção ao longo da obra”.

Tiago Rosa-Rosso, nascido em 1984 e que passou pelo curso de Arquitectura antes de se dedicar ao cinema, estudou na Universidade Lusófona de Lisboa em 2008 e é autor de cinco curtas – Peixe Azul (2010, menção honrosa em 2011 em Vila do Conde), Deus Dará (2012), Lei da Gravidade, Despedida e a agora premiada Zootrópio, que tal como as duas primeiras obras do jovem realizador integrou a selecção do festival de Curtas de Vila do Conde. Apresenta como sinopse de Zootrópio um excerto do poema Leurs yeux toujours purs, de Paul Éluard.

O título da sua obra refere-se ao aparelho inventado em meados do século XIX e cujas janelas permitiam ver imagens que pareciam mover-se graças à rodagem do cilindro que constitui o seu tambor. Para o júri, em Zootrópio Tiago Rosa-Rosso “consegue elaborar loops sucessivos, sobrepostos, criando associações e dissociações que se desdobram de forma eficaz, num jogo auto-referencial permanente entre imagem e palavra”.

Zootrópio sucede a O Retrato de Ulisses, de João Cristóvão Leitão, e tal como na primeira edição representará um prémio pecuniário de dois mil euros para o galardoado.

Esta parceria do Temps d’Images com o MNAC visa receber contributos de artistas visuais portugueses e estrangeiros, desde que residentes em Portugal, a investigar “o loop e a explorarem este mecanismo da imagem através da linguagem do cinema e da videoarte”, indica a organização em comunicado. Este ano concorreram 135 projectos, um aumento de 18 em relação à última edição. 

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