Cartel de multinacionais manipulava concessão de obras para estádios do Mundial 2014

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Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro nelson garrido

A multinacional brasileira Andrade Gutierrez reconheceu ter participado num cartel para a atribuição de obras de construção ou renovação de, pelo menos, cinco estádios do Mundial 2014 de futebol, anunciou nesta segunda-feira o Conselho Administrativo do Conselho Económico (Cade).

“Existem indícios, segundo os quais as concessões de trabalhos para, pelo menos, cinco estádios do Mundial foram manipuladas por um cartel”, infirmou o Cade (organismo estatal que combate o monopólio na economia), com a qual a Andrade Gutierrez assinou um “acordo de clemência” para colaborar activamente com a investigação.

O mítico estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, renovado para o Mundial2014 com custos elevados para o erário público brasileiro e que acolheu a final ganha pela Alemanha, e o Arena Pernambuco, em Recife, figuram entre os estádios em causa, de acordo com um comunicado do Cade.

Os brasileiros já se tinham manifestado massivamente, em Junho de 2013, durante a realização da Taça das Confederações, contra a despesa pública exorbitante com os estádios do Mundial, contra a corrupção das suas elites e a penúria dos serviços públicos de saúde, educação e transportes.

Após a atribuição da competição ao Brasil pela FIFA, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva prometera aos brasileiros que os estádios seriam financiados a cem por cento por dinheiros privados.

No entanto, o desinteresse dos investidores privados obrigou os poderes públicos a assumirem integralmente a factura dos custos, com o dinheiro dos contribuintes.

Os indícios de fraude nas concessões para a construção e renovação dos estádios foram surgindo no âmbito das investigações ao tentacular e célebre caso Lava-Jato, envolvendo o gigante petrolífero estatal Petrobrás, pôs a descoberto a promiscuidade entre a classe política brasileira e as grandes empresas de construção do país.

Segundo as informações fornecidas pela Andrade Gutierrez, o cartel constituído integrava grandes grupos económicos como a Odebrecht, a Camargo Correa, a Queiroz Galvão e a OAS, todos implicados ao mais alto nível do enorme escândalo de corrupção da Petrobrás.

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