Morreu Gotlib e a banda desenhada francesa ficou orfã do seu humorista revolucionário

O autor que revolucionou a nona arte francesa em Rubrique-à-brac ou com Superdupont morreu inesperadamente em sua casa, aos 82 anos

Foto
Gotlib teve em início de carreira um grande mentor em René Goscinny, co-criador de Astérix AFP/FRANCOIS GUILLOT

Nasceu Marcel Gotlieb, mas foi enquanto Gotlib que deixou a sua marca profunda, tornando-se um dos grandes nomes da BD francesa através de um humor surpreendente e radical. Gotlib, que morreu inesperadamente este domingo na sua casa em Yvelines, na região de Paris, nasceu a 14 de Julho de 1934 em Paris, filho de pais de ascendência judia húngara. O seu pai morreria no campo de concentração de Buchenwald durante a Segunda Guerra Mundial, e o jovem Marcel sobreviveu ao conflito escondido numa quinta, para o qual foi enviado pela mãe. Essa experiência, porém, não se encontraria vertida na sua obra.

Começou a ser notado no meio da BD através de Gai-Luron, o cão sonolento, inspirado em Droopy, o cão de grande olheiras criado por Tex Avery, que desenhou para a revista Vaillant. Mais tarde, quando começou a submeter as primeiras pranchas à revista Pilote, em 1965, encontraria um mentor determinante em René Goscinny, co-autor com Albert Uderzo de Astérix. Juntos, criaram para a revista Les Dingodossiers, uma série em que a sátira era a nota dominante. Rubrique-à-brac, a sucessora, mais adulta, de Les Dingodossiers, já criada unicamente por Gotlib, tornou-se um grande sucesso junto dos leitores e uma das suas criações mais acarinhadas.

Em 1972, lançou a sua própria revista, L’Echo des Savannes, com Claire Bretrecher e Nikita Mandyka. Alguns anos mais tarde, seria responsável pela igualmente influente Fluide Glacial. Entre as suas criações destacam-se, por exemplo, Superdupont, sátira aos super-heróis americanos encarnada por um homem de bóina, galo sempre nas proximidades e barriga proeminente a revelar-se sobre o fato branco e cinto tricolor.

A sua editora, a Dargaud, escreveu em comunicado, citado pelo Le Figaro, que Gotlib “revolucionou a forma de fazer banda desenhada, reintroduzindo nas casas francesas um nonsense britânico e uma forma irresistível de troçar de tudo”. 

Sugerir correcção
Comentar