Pelo menos nove pessoas morreram e mais de duas dezenas estão dadas como desaparecidas na sequência de um incêndio durante um concerto de música electrónica em Oakland (Califórnia) nos Estados Unidos. Face ao número de vítiamas que estarão entre os destroços, as autoridades admitem que o número de mortos possa chegar aos 40.

O incêndio deflagrou por volta das 23h30 locais de sexta-feira (7h30 de sábado em Portugal continental) na sala de espectáculos Ghost Ship, perto da baixa de Oakland, onde várias dezenas de pessoas assistiam a um concerto do músico "Golden Donna". O incêndio foi controlado ao início da manhã e desde então as equipas de salvamento procuram vítimas entre os destroços, tarefa que se está a revelar difícil porque o telhado do edifício ruiu.

As autoridades afirmam-se preparadas para lidar com um número crescente de vítimas, depois de o incêndio ter destruído a sala, situada num armazém de dois andares e que albergava também uma residência artística.

Citado pelo Washington Post, o sargento Ray Kelly, um dos responsáveis pelas operações policiais, admitiu estar preparado para lidar com "entre 30 a 40 vítimas mortais". Os desaparecidos, indicou a polícia, serão jovens e alguns são estrangeiros.

O balanço em relação ao número de mortos é difícil de fazer, porque as equipas de resgate registavam dificuldades em chegar a uma parte do edifício. No edifício estavam entre 50 a 100 pessoas, segundo as informações de Teresa Deloach-Reed, porta-voz dos bombeiros locais.

As operações de resgate e de extinção do incêndio estão a revelar-se demoradas porque o telhado do armazém ruiu. Teresa Deloach-Reed confirmou ao jornal East Bay Times que o telhado colapsou, dificultando o trabalho das equipas no local e explicou que a maior parte das vítimas mortais foram encontradas no segundo andar do edifício.

Quando os bombeiros chegaram ao local, encontraram diversos móveis e objectos artísticos neste edifício que terão dificultado a saída das pessoas. Bob Mule, um fotógrafo e artista que mora no edifício, contou ao East Bay Times: “Senti literalmente a minha pele a escamar e os meus pulmões sufocados pelo fumo”.

Lamentando esta “verdadeira tragédia”, Deloach-Reed afirmou desde o início ser desconhecido “o número potencial de vítimas”. “Estamos a fazer uma busca preliminar e temos conhecimento de pelo menos nove mortes. Mas há ainda uma grande parte do edifício para inspeccionar. Neste momento, há 25 nomes de pessoas desaparecidas. Não estamos certos de que já tenham ido pelos seus próprios meios para o hospital ou para casa de amigos”, sublinhou ao jornal East Bay Time.

Ainda segundo este jornal, os bombeiros não conseguiram encontrar provas de que os detectores de fumo tenham sido activados nem conseguiram determinar se o sistema automático de extinção de fogo funcionou.

Algumas das pessoas que assistiam ao concerto e que se encontravam no segundo andar do edifício tiveram que saltar pela janela, segundo relatou à televisão local KTVU Bob Mule um fotógrafo que residia no edifício. “Estava demasiado calor, havia demasiado fumo… Tive que sair dali como pude”, descreveu Bob Mule, que sofreu apenas pequenas queimaduras.

Ao início da noite, Johnna Watson, porta-voz do Departamento da Polícia de Oakland, indicava que o número de vítimas mortais continuava por esclarecer, tal como a causa do incêndio, ignorando-se também se o armazém estaria superlotado durante o concerto. “Não vamos encontrar a respostas neste momento. Estamos muito focados na identificação de todos os que ainda estão desaparecidos”, justificou Watson, citado pelo Washington Post.

Joel Shanahan, nome verdadeiro de “Golden Donna”, sobreviveu ao incêndio, de acordo com a sua página no Facebook. “Joel está vivo mas, como muitas pessoas, tem o coração destroçado e conta com vários amigos entre os desaparecidos”, lê-se na página do músico.

Ao longo do dia, na página oficial do evento no Facebook, foram partilhados apelos de familiares e amigos de pessoas que estariam na festa e que ainda não deram sinal de vida.