Canadá, uma oportunidade para o agroalimentar português

Com o CETA, cerca de 92% dos produtos agroalimentares europeus serão exportados para o Canadá isentos de taxas.

Um dos pilares fundamentais do processo de globalização é a forma como as várias economias, mais ou menos desenvolvidas, conseguem quebrar barreiras, abrir mercados e expandir negócios. A verdade é que, se o conceito geral já entrou definitivamente no nosso vocabulário diário, as dinâmicas de mercado ainda têm muito por onde evoluir.

O acordo de comércio entre a União Europeia e o Canadá (CETA), que tem sido classificado de ambicioso e progressista, visa reforçar as relações comerciais e de investimento entre duas das economias mais avançadas do mundo, esperando-se que seja uma ponte de ligação com claros benefícios para o crescimento de ambas e um leque de novas oportunidades para os cidadãos.

Sendo a indústria agroalimentar o maior bloco produtivo da União Europeia, com mais de 1.000 biliões de euros em volume de negócios, 4,25 milhões de empregos diretos, 285 mil PME e uma quota de 17,8% do mercado global de exportação, qualquer acordo de comércio internacional tem de ser analisado do ponto de vista do impacto neste setor. Com o CETA, cerca de 92% dos produtos agroalimentares europeus serão exportados para o Canadá isentos de taxas.

Foi por outro lado concedido à UE um novo contingente bilateral para um efetivo de 18.500 toneladas de queijo, que irá mais do que dobrar o acesso ao mercado por parte deste produto. Para as bebidas espirituosas e vinhos europeus a eliminação de tarifas será complementada pela eliminação de barreiras não-tarifárias. A remoção de práticas comerciais desleais deverá nivelar o “campo de jogo” e melhorar a posição competitiva dos produtos da União.

O CETA irá também remover a obrigação de misturar bebidas espirituosas importadas com conteúdo local.  Outro ponto a merecer destaque é o facto de o acordo proporcionar proteção legal para 145 indicações geográficas europeias e permitir que outros produtos venham a ser futuramente contemplados. Aspeto fundamental passa pela promoção de um aumento da diversidade de escolhas sem colocar em causa os atuais padrões de qualidade que vigoram na União por força do enquadramento legal.

No caso particular de Portugal, as exportações agroalimentares para o Canadá representam apenas 1,18% do total, ascendendo a um valor de 67 milhões de euros, destacando-se o vinho com 38 milhões de euros, seguido depois à distância por peixe congelado, produtos de padaria e pastelaria, azeite, conservas de peixe, café e queijos.

Apesar da nossa pequena dimensão e da forte concorrência internacional, o Canadá é hoje uma janela de oportunidade para as empresas nacionais. Segundo o Fórum Económico Mundial, é a 15ª economia mais competitiva e, como sabemos, conta com uma vasta comunidade de portugueses e luso-descendentes. Com o declínio dos mercados mais representativos nos últimos anos, em particular Angola e Brasil, talvez seja altura da qualidade dos nossos produtos invadir este apetecível mercado da América do Norte!

 

 

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