Nuno Espírito Santo sem rede no regresso de José Peseiro ao Dragão

O embate entre o terceiro classificado da I Liga, Sp. Braga, e o quarto, FC Porto, é o jogo mais importante da 12.ª jornada.

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Nuno Espírito Santo está debaixo de fogo no Dragão AFP/FRANCISCO LEONG

Os números não enganam e apontam na direcção de um dos piores inícios de temporada do FC Porto na era Pinto da Costa, mas, oficiosamente, os sinais que a SAD portista tem transmitido para o exterior nos últimos dias é que a aposta em Nuno Espírito Santo é irrevogável e que o lugar do treinador não depende dos próximos resultados. No entanto, com um registo de empates e derrotas superior ao número de vitórias, o técnico santomense já está sem rede e novos deslizes neste sábado, contra o Sp. Braga (20h30, SPTV1), e quarta-feira, frente ao Leicester, podem deixar, ainda antes do Natal, o FC Porto fora da luta pela conquista dos três principais objectivos: campeonato, Taça de Portugal e Liga dos Campeões.

São mais de sete horas sem qualquer golo, cinco empates consecutivos, uma percentagem de vitórias inferior a 50%, o pior registo pontual na I Liga desde que os triunfos passaram a valer três pontos e a maior diferença de pontos para o líder do campeonato à 11.ª jornada desde que, a 17 de Agosto de 1982, Pinto da Costa assumiu a presidência do FC Porto. Apesar de o investimento da SAD portista em reforços no início da época ter sido superior ao do Sporting, que vendeu João Mário e Slimani, e pouco inferior ao do Benfica, que perdeu jogadores nucleares como Renato Sanches e Nico Gaitán, os primeiros quatro meses de Nuno Espírito Santo à frente da equipa técnica portista resultaram num registo pior do que o dos dois antecessores que, nas últimas três épocas, lideravam os “dragões” entre Agosto e Dezembro.

Se Paulo Fonseca, o quinto treinador dispensado por Pinto da Costa no decorrer de uma época, chegou à 11.ª jornada de 2013-14 com 24 pontos, mais dois do que os somados por Nuno Espírito Santo no mesmo período, Julen Lopetegui fez ainda melhor. O treinador basco amealhou 25 pontos nos primeiros 11 jogos de 2014-15 e, na temporada transacta, superou esse valor: 27 pontos. Curiosamente, a elogiada consistência defensiva do actual FC Porto (5 golos sofridos em 11 jornadas) não é novidade para os lados do Dragão: com Lopetegui como treinador, os portistas nunca sofreram no primeiro terço do campeonato mais do que uma mão cheia de golos.

A atravessar um “momento preocupante”, palavras de Nuno Espírito Santo após o empate frente ao Belenenses para a Taça da Liga, o FC Porto depara-se agora com um duplo duelo de “alto risco” no Dragão. Se quarta-feira, contra o Leicester, apenas a vitória garante de imediato que os portistas evitem, pelo segundo ano consecutivo, o insucesso na fase de grupos da Liga dos Campeões, uma derrota neste sábado, contra o Sp. Braga, colocaria o FC Porto, no final da jornada 12, na quinta posição - isto se o V. Guimarães, amanhã, vencer o Desp. Chaves. A última vez que os adeptos “azuis e brancos” se depararam com um cenário idêntico foi na longínqua temporada de 1975-76, quando os portistas eram treinados pelo jugoslavo Branislav Stankovic.

Perante este cenário, que coloca Nuno Espírito Santo sob debaixo de forte pressão, há a curiosidade de saber o que fará o treinador, depois de dois jogos falhados contra o Belenenses. Se para o campeonato, com a equipa habitualmente titular, os “dragões” foram insipientes, três dias depois, para a Taça da Liga, no reencontro com a equipa do Restelo, as segundas linhas não souberam aproveitar a oportunidade: os resgatados Herrera e Brahimi não passaram da mediocridade; Depoitre, com mais uma prestação a roçar a nulidade, ofereceu mais argumentos aos seus detractores.

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Quase 200 dias depois de pisar pela última vez o relvado do Estádio do Dragão, na altura no papel de anfitrião, José Peseiro vai regressar a uma casa de onde não guarda boas recordações, mas o agora técnico do Sp. Braga entrará em campo de queixo levantado. Com um ponto de vantagem sobre o FC Porto, o treinador ribatejano conquistou, nas 11 primeiras jornadas, 23 pontos, mais três do que tinha Paulo Fonseca há um ano. No entanto, nos últimos dias, Peseiro recebeu duas notícias pouco animadoras: as lesões de Mauro e Pedro Santos, dois jogadores preponderantes para a estratégia minhota, colocando nos ombros dos jovens Xeka e Ricardo Horta, uma maior dose de responsabilidade.

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