Sobrevivente do acidente aéreo na Colômbia diz que posição fetal o salvou. Terá sido só isso?

Para além das regras de segurança, existe um conjunto de conselhos que pode aumentar as hipóteses de sobrevivência num desastre aéreo. Viajar em classe turística é um deles.

Foto
As hipóteses de sobrevivência variam consoante a zona em que o passageiro está sentado AFP/RAUL ARBOLEDA

Falha técnica, falta de combustível, erro humano ou condições climatéricas desfavoráveis. São vários os cenários e factores exteriores que podem causar acidentes aéreos. As hipóteses de morrer num desastre aéreo serão de uma em 11 milhõesFoi lançada até uma aplicação que (alegadamente) calcula as probabilidades de existir um acidente em cada voo, permitindo aos passageiros consultarem as suas hipóteses de sobrevivência antes de embarcarem.

Dias depois do acidente do fatal com o avião que transportava a Chapecoense, na Colômbia, um dos sobreviventes, o comissário de bordo boliviano Erwin Tumiri, garante que conseguiu escapar com vida – e praticamente sem ferimentos – porque seguiu os protocolos de segurança. Em entrevista ao jornal boliviano La Razón, Erwin Tumiri conta que, “com a situação de pânico, muitos se levantaram dos assentos e começaram a gritar”.

"Sobrevivi, porque segui todos os protocolos de segurança", afirmou, acrescentando que, quando se apercebeu de que o voo estava com problemas, se colocou em posição fetal, com a mala entre as pernas, para se proteger do embate. Num desastre em que morreram 71 pessoas, este testemunho tem sido repetido como exemplo da importância de seguir os protocolos de segurança. Pés bem assentes no chão e a cabeça encostada aos joelhos, numa posição fetal, mantendo sempre o cinto de segurança ao longo de todo o voo.

Não obstante, o motivo da sobrevivência de Erwin Tumiri pode não ser tão linear. Apesar da importância de respeitar as instruções dadas pela tripulação, existe um conjunto de factores que influencia a probabilidade de sobreviver a um desastre aéreo. O local do assento é um deles.

O lugar do sobrevivente

Ao contrário do que se possa pensar, viajar em classe executiva não é sinónimo de maior segurança. Apesar de oferecer maior conforto e algumas regalias, as viagens em classe executiva perdem para a turística quanto às hipóteses de sobrevivência.

O estudo intensivo de 36 anos de voos sobre duas dezenas de aeronaves diferentes realizado pela Popular Mechanics – que analisa acidentes e relaciona os sobreviventes com o local onde estavam sentados – conclui que os lugares mais seguros são os situados na traseira do avião. O estudo compara ainda quatro zonas dos aparelhos e a conclusão é transversal: a zona mais próxima do cockpit é a mais insegura. Viajar no lugar atrás das asas, por exemplo, aumenta a hipótese de sobrevivência em cerca de 20% comparativamente com quem viaja em classe executiva. A par das asas, viajar nas filas de saída de emergência também é considerado seguro.

Foto
Dados recolhidos pela Popular Mechanics DR

Segundo dados da National Transportation Safety Board, 68% das mortes de passageiros são consequência dos incêndios causados pelo acidente e não pelo embate em si.

A escolha da roupa não deve ser encarada como um pormenor, segundo as dicas do SmarterTravel, um site especializado em viagens. O conselho é levar várias camadas, mesmo se for Verão, para que a temperatura do corpo seja mantida quente. Por outro lado, também é recomendável que o corpo esteja totalmente coberto, a fim de diminuir possíveis ferimentos ou queimaduras. Roupas de algodão ou lã são as melhores, uma vez que as suas fibras são menos inflamáveis. Calças confortáveis e largas, uma camisola com mangas largas e sapatilhas são as opções aconselhadas. Sandálias ou sapatos com tacões são desaconselhados, uma vez que dificultam a mobilidade e aumentam os riscos de feridas ou cortes.

Depois, já se sabe, são as instruções já repetidas. Os passageiros devem sempre socorrer-se a si próprios primeiro. O exemplo é dado com as máscaras de oxigénio, que impedem que os passageiros percam a consciência em caso de perda de pressão na cabine, que causa desmaios em menos de 20 segundos.

Como refere Ben Sherwood, autor do livro The Survivors Club e antigo produtor executivo do Good Morning America da ABC, numa entrevista à Time em 2009, a maioria dos acidentes, cerca de oito em cada dez, acontece durante os três primeiros e os últimos oito minutos do voo, na descolagem e na aterragem. Minutos em que, sublinha Sherwood, a atenção é essencial. O autor reforça que os passageiros não devem assumir o pior cenário e devem agir depressa para aumentar as hipóteses de sobrevivência. Um truque para isso é delinear um plano de emergência quando entram no avião e estudar os cenários possíveis. 

Sugerir correcção
Ler 4 comentários