Gâmbia: o Presidente que "só Alá poderia remover" reconhece derrota eleitoral

Adama Barrow é o vencedor das presidenciais. Yahya Jammeh, 51 anos, estava no poder há 22 anos.

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Campanha de Yahya Jammeh, que assumiu o poder em 1994, na sequência de um golpe MARCO LONGARI/AFP

O Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, no poder há 22 anos, vai assumir a derrota eleitoral nas presidenciais de quinta-feira, garantiu o presidente da comissão eleitoral, citado pela Reuters. Mas o chefe de Estado ainda não se pronunciou.

O vencedor é Adama Barrow, que prometeu acabar com as violações dos direitos humanos no país, e reverter a decisão da Gâmbia de abandonar o Tribunal Penal Internacional. Barrow reagiu ao anúncio dos resultados oficiais dizendo esperar que o chefe de Estado aceite a derrota.

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Adama Barrow é o vencedor das eleições na Gâmbia MARCO LONGARI/AFP

Barrow obteve 45,5% dos votos e Jammeh 36,6%, com o terceiro candidato, Mama Kandeh, a receber 17,8% dos sufrágios, anunciou o presidente da Comissão Eleitoral, Alieu Momar Njie, citado pela AFP. A taxa de participação foi de 65%.

Jammeh, de 51 anos, tinha dito durante a campanha que só Alá o poderia retirar do cargo. Assumiu o poder na sequência de um golpe militar, em 1994, e foi eleito para a presidência em 2006. Tem uma colectânea de declarações controversas – como a de que dirigiria o país durante “mil milhões de anos”.

Em Dezembro de 2015 Jammeh proclamou a Gâmbia como uma república islâmica, e o país votou na quinta-feira num blackout total da Internet e das chamadas telefónicas internacionais, com todas as fronteiras terrestrees encerradas. Estas eleições são o primeiro desafio sério ao homem a quem é atribuída a afirmação de que sentia “orgulho de ser um ditador”.

Njie já declarou um novo Presidente: "Declaro Adama Barrow legalmente eleito. Pedimos que todos respeitem a paz, a tolerância e a tranquilidade pois como podem ver pelos resultados, vamos ter uma mudança de Governo".

Segundo os jornalistas da AFP, os cidadãos começaram a sair à rua na capital, Banjul, festejando a saída de Jammeh do poder.

A campanha do Presidente derrotado negou as acusações de atrocidades contra Jammeh. Do lado da oposição, Barrow prometeu respeitar os princípios democráticos e reinstalar na administração pública o respeito pelos direitos humanos.

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