Ricardo Araújo Pereira põe-nos a lutar com uma enguia

Se ele tem graça é porque trabalha muito e se trabalha muito é porque tem baixa auto-estima. Estas revelações não estão no primeiro livro-mesmo-livro do humorista — mas estão nesta entrevista. O homem está mais velho, recorre menos à piada para se esquivar do que não lhe interessa.

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É um livro sobre o esforço. Objecto híbrido, procura explicar o que é o humor e quais as principais técnicas usadas ao longo dos anos Rui Gaudêncio

Não é fácil entrevistar Ricardo Araújo Pereira. Isto é, pelo menos quando se tem fome, porque quando se tem fome tem-se ideias brilhantes, como querer fazer a entrevista num café, onde há sopa e pão e manteiga e bananas, mas também há pessoas, daquelas que pedem autógrafos e pedem para tirar selfies. Fica aqui uma lição para o futuro, juventude: nem sempre a humanidade acolhe de peito aberto as ideias brilhantes — neste caso, as meninas da Tinta da China, editora pela qual Ricardo Araújo Pereira lança os seus livros, opuseram-se à prossecução da ideia.

“Não vão conseguir fazer a entrevista ali, as pessoas vão todas começar a pedir autógrafos, vai ser uma confusão”, dizia uma das meninas.

“Mas o rapaz tem fome”, dizia Ricardo Araújo Pereira.

“Mas eu tenho fome”, dizia eu.

“Ele tem fome e não há quase gente no café”, dizia Ricardo Araújo Pereira.

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“Ó Ricardo, tu já sabes como isto é, é sempre a mesma coisa”, dizia outra menina.

Não ganhou a facção das pessoas que se preocupam com a alimentação da imprensa nacional e a conversa acabou por acontecer nos escritórios da Tinta da China, mas numa sala com vista para um laguinho com patinhos (patinhos fofinhos). Foi ali que uma hora e tal depois ele se pôs a dar exemplos dos humoristas que admira — tinha identificado um traço comum entre eles, fazerem humor sofisticado e ao mesmo tempo terem apelo popular, e de repente, ao lembrar-se de uma história a respeito de Chaplin, aproveitou para dar uma alfinetada em si próprio: “O Chaplin vinha à Europa e tinham de fechar ruas, não era como eu ir ali ao café.”

Já vimos Ricardo Araújo Pereira, o humorista português mais popular desde Herman José, para quem aliás escreveu, recorrer à autodepreciação muitas vezes, e já o vimos a desfazer-se em boas maneiras, como querer fazer uma entrevista num café para acudir ao pobre jornalista (pobre jornalista) que tem fome, mas algo aqui mudou ligeiramente: ele sempre transmitiu uma espécie de distância em relação ao que o rodeava, como se nunca largasse o modo personagem (muito possivelmente uma defesa contra as expectativas dos mortais que lhe pedem coisas), mas o homem que agora nos surge está mais velho, recorre menos à piada para se esquivar do que não lhe interessa e ocasionalmente é capaz de falar de si num registo credível. E por credível entenda-se o seguinte: por vezes ficava-se com a impressão de que não queria estar ali, de que a autodepreciação e outras técnicas de humor que usava em entrevista eram uma forma de impor uma barreira. E isso ainda está presente, por exemplo quando diz coisas como “Não gostaria que se ficasse com a ideia de que o livro ensina alguma coisa”.

Mas não está a impor barreira alguma quando diz que tem baixa auto-estima — pelo contrário, está a esforçar-se para que acreditemos nele. E não está a impor barreira alguma quando conta que ficou magoado com a senhora que numa fila para autógrafos lhe disse que ele é convencido. O engraçado é que é elogiado por quase toda a gente — e o que o ofende não é haver quem não goste dele, mas sim haver uma senhora que o acha convencido. Como se isso maculasse o desígnio daquele rapaz que há muitos anos decidiu que se iria esforçar por fazer sorrir a avó e que nunca mais parou de se esforçar.

O esforço é importante para Ricardo Araújo Pereira e a razão pela qual nos sentamos a olhar para patinhos. O seu mais recente livro, A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar, é, no fundo, um livro sobre o esforço. A obra tem como subtítulo Uma espécie de manual de escrita humorística e é, na realidade, o primeiro livro que Araújo Pereira realmente escreveu como livro — os anteriores consistem em recolhas de textos para imprensa ou rádio.

Objecto híbrido, A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar procura explicar o que é o humor e quais as principais técnicas usadas ao longo dos anos, mas “não é um texto académico nem é como alguns manuais de escrita, não é um manual de instruções do género ‘Dobre a badana e sai-lhe uma piada’”, explica o humorista. Os livros sobre humor que mais lhe interessam “são coisas do género O Riso na Grécia Antiga ou a História do Bobo da Corte”, enquanto “os mais técnicos são até ridículos”. Ricardo não estava interessado em fazer um livro técnico, mas também não lhe “interessava fazer uma coisa tão vaga” que não lhe “dissesse nada”. Resumidamente: o livro é uma espécie de “exercício de equilíbrio das coisas que não me interessavam fazer”. Isto, estou em crer, é autodepreciação convencional.

Foi Bárbara Bulhosa, a dona da Tinta da China, quem lhe pediu que “escrevesse uma coisa destas”, nos idos de 2007; a resposta de Ricardo não se fez esperar: “Eu fui engonhando”, diz. Os nove anos valeram a pena: o livro é breve, acessível mas pedagógico, sem ser paternalista (e faz rir, embora não force a nota).

É curioso: colegas dizem-me que em 2007 RAP era uma figura mais presente no imaginário luso, relembram que em 2007 ele estava a fazer Diz Que É Uma Espécie de Magazine na RTP, para onde se havia mudado, com os restantes Gato Fedorento, depois da estreia televisiva na SIC Radical. Certo, mas quinze anos depois está na rádio e na televisão com o Governo Sombra; está na rádio com a Mixórdia de Temáticas; e continua na imprensa (ainda faz as crónicas para a Visão). Ao mesmo tempo parece ser consensual que as últimas séries televisivas não tiveram o mesmo impacto; e, pormenor que pode ou não ser negligenciável, também já não faz a publicidade para a Meo.

Houve uma altura em que tudo o que Ricardo fazia tinha enorme eco e hoje já não é bem assim. (Numa troca de mails posterior, e a propósito de outro assunto, ele escreve: “após uma sucessão de acasos de sorte, encontrei-me na posição de fazer apenas o que me apetece”, o que poderá ser uma explicação.) Isto acontece a todos no entretenimento e não é uma medida do talento, antes da popularidade. Como as crónicas demonstram, é até possível que ele tenha melhorado. E se melhorou é porque se dedicou a pensar como executar o seu ofício.

“Gostava que alguém me tivesse dito algumas destas coisas quando comecei a escrever humor”, diz a dada altura, referindo-se ao livro. Foi quando saiu da faculdade e entrou para as Produções Fictícias que pensou a sério no humor. “Nessa altura pensei que conseguia fazer isto, mas que tinha de fazer isto consistentemente. E que tinha de tentar perceber como é que o fazia, como é que funcionava.” É que fazer humor, pelo menos de forma consistente, não é fácil — já agora, falar sobre humor também não. “É como andar à luta com uma enguia”, diz. Pergunto-lhe se esta é uma daquelas frases que preparou para esta série de entrevistas e se já a usou com outros jornalistas; ele admite que sim. “Mas posso arranjar outro bicho só para ti.”

Antes das Produções Fictícias havia a avó — ele já contou a história várias vezes, que foi a ânsia de fazer a avó, uma senhora circunspecta, rir, que o tornou humorista. As figuras públicas têm pequenas histórias que fornecem à imprensa e que servem para explicar qualquer coisa. Histórias do género: “Sou futebolista porque éramos pobres e eu só tinha uma bola”, “Conto histórias porque quando era pequenino o meu avô me sentava ao colo e me contava histórias”. No caso de Ricardo é a avó.

Explico-lhe que desconfio dessa história, ou, por outra, até acredito que tenha tido uma avó (eventualmente duas), mas a versão que ele fornece da sua introdução ao humor parece-me simplista: não somos o que somos por uma só razão, é mais complicado do que isso. Ele insiste: “Estou mesmo convencido de que se não tivesse passado a infância com a minha avó, e se eu não tivesse vontade de a ver num estado diferente do que lhe era habitual, não teria sido humorista.” Mais tarde dirá algo mais sintomático, que talvez antes não permitisse a si mesmo dizer: “A minha avó convenceu-me a não ligar aos meus sentimentos — primeiro, porque são sentimentos; depois, porque eram meus.”

A avó, conta Ricardo, “não era cruel, nem isto era uma coisa que ela dissesse claramente, mas é verdade que os sentimentos têm melhor reputação do que o que merecem, e além disso eu era mesmo um miúdo”. E em que é que resultou tudo isto? Tantos anos depois, “[tenho] uma auto-estima baixa, o que provavelmente te surpreenderá. Mas é uma verdade. Isto tem uma vantagem que é: se eu fosse uma pessoa confiante, esforçava-me menos e durante menos tempo, mas eu não me satisfaço com a primeira coisa que me ocorre”.

Talvez por isso o chateie tanto a senhora que gosta muito dele e tal e coisa, mas depois acha que ele é muito convencido — é que ele não se acha nada convencido, acha que se esforça, está a esforçar-se desde miúdo para que a avó ria. E, já agora, se não for pedir muito, o resto do país também podia rir.

“[A baixa auto-estima] ajuda-me, porque desconfio mais das minhas capacidades”, continua. Mas tende calma, miudagem, que isto da baixa auto-estima não é só vantagens: “Ao mesmo tempo assusta um bocadinho, porque muitas vezes, senão sempre, estou convencido de que não tenho capacidade para manter esta profissão ao nível a que a fiz.”

Num email trocado dias depois da entrevista, Ricardo escreve: “Noto que boa parte das pessoas (algumas até me são próximas) acredita que ninguém lhe dá o devido valor — e é possível que tenham razão. Eu continuo firmemente convencido de que tenho muito mais reconhecimento do que mereço.”

E nisto regressamos à ideia do esforço. Só faz sentido este livro existir se o humor for passível de ser aprendido, treinado. Ora, para Ricardo, “a escrita humorística enquanto ofício ainda vive sob um mito segundo o qual isto não é bem um trabalho, é um dom com que alguns foram bafejados”. Ricardo nem sequer acredita que haja, nas pessoas que fazem humor, uma inclinação para a piada: “A gente nasce é para respirar, comer e dormir”, diz.

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Este é um assunto que lhe interessa bastante — é como se ele quisesse que nos apercebêssemos de que, por mais estranha que esta profissão seja, ela não é uma questão de sorte, de propensão genética, é trabalho. Um trabalho duro, que implica perceber como as coisas funcionam, como se pode olhá-las de outra forma, qual será a reacção das pessoas a esse outro olhar.

“O humor é uma forma de olhar o mundo muitas vezes contrária à norma”, diz, repetindo uma ideia que defende no livro, e as pessoas ou não têm interesse em olhar o mundo dessa forma ou não podem dar-se a esse luxo”. Diga-se que esta ideia, de que o humor é uma forma incomum de olhar para as coisas, atravessa o livro.

Se me perguntassem, diria que Araújo Pereira, apesar de ser um dos portugueses vivos mais respeitados, ainda reclama alguma legitimidade para a sua profissão e que a sua ênfase no esforço, na leitura, na sabedoria, reflecte isso. É como se dissesse: “Ei, é preciso saber coisas para fazer isto.”

Para exemplificar, Araújo Pereira recorre a biografias de desporto, que parece apreciar. No caso, recua até Platini: “Houve uma altura em que um livre directo do Platini era quase como um penálti — ao ponto de os adeptos da Juventus o assobiarem e ficarem zangados quando ele falhava um livre directo. Mas como é que ele marcava tantos livres? Ele dizia que não era talento, que ficava uma hora depois dos treinos a treinar e treinar.”

Retirando as balizas e colocando uma rede ao meio temos agora Agassi, que contava que o pai “andou à procura de uma casa para eles, com um jardim suficientemente grande para ter um campo de ténis. E uma vez encontrada, mandou instalar uma daquelas máquinas que disparam bolas de ténis, mas modificou-a de modo a disparar mais depressa do que o normal. E o filho tinha de responder a 2500 bolas por dia, porque o pai achava que se o filho batesse um milhão de bolas por ano teria muito mais chances de ser um grande jogador do que se não o fizesse”.

A máquina de bolas de Ricardo, sabemos, era a avó, e pelo que ele diz era preciso um tremendo esforço para colocar um esgar naquela boca — serviço que ele levou para a sua labuta diária. Perguntem a quem quiserem e ouvirão o mesmo: ninguém trabalha tanto nas artes da escrita como ele, desde o primeiro dia. Ele leva a sério a escrita, muito a sério — antes de mais, porque gosta mais de palavras do que qualquer outra coisa.

“Gosto mais de palavras do que outra coisa qualquer”, diz a dada altura, e faço notar que a citação corrobora espectacularmente as palavras do jornalista no parágrafo anterior. “Gosto mais do discurso sobre as coisas do que das coisas; sinto mais prazer a relatar o que vi do que a ver; quando vou a um desses restaurantes gourmet, aprecio mais a descrição dos pratos do que a comida [e nisto imita de forma hilariante um menu pomposo].”

De novo há aqui a distância: o auto-retrato, consciente ou não, é de alguém afastado do mundo, que observa, que tem mais prazer a descrever o mundo do que a vivê-lo. Exsuda desconforto com a vida, o parágrafo, mas não vale a pena confrontá-lo com isso, porque esquivar-se-á — e poderá ser erro de leitura nosso: amigos de Araújo Pereira dizem que ele não é, de todo, um romântico. But still: as palavras podem muito bem ser o refúgio dos tímidos (ele é um pouco tímido), e o seu humor, a sua marca, “é uma atenção aos discursos dos outros — modos de falar, entoações [imita a voz que se ouve no supermercado, a do metro, etc.]”.

Dias depois mando-lhe um mail acerca disto. Quando penso nos grandes humoristas, Woody Allen, Larry David ou Louis CK, sei que têm um problema e até sei qual é (bom, sejamos honestos, é mais do que um). Com ele isso não acontece — não há problemas pessoais a atravessar a sua obra. Quando lhe pergunto: “Há alguma razão para nunca teres feito uma série com narrativa (além de ser, provavelmente, terrivelmente difícil)?”, a resposta é simples: “A razão é precisamente essa: é terrivelmente difícil”.

Mas talvez tenha razão quando diz que “uma coisa é o lado pessoal e outra é o lado privado”. Ricardo diz (e com razão) que nunca escondeu preferência nenhuma: “Toda a gente conhece o meu clube, a minha orientação ideológica, religiosa, etc.” Outra coisa é o lado privado, que tenta “que continue privado”.

Talvez a sua escola de humor não seja a de Allen ou David ou CK, por mais que os admire. Talvez esteja mais próximo de Jerry Seinfeld, o rei do humor de observação, ou de Chaplin (lá está) ou de John Cleese — tipos que são, antes de mais, observadores, que se preocupam antes de mais com o exterior e encontram formas de demonstrar o absurdo do mundo.

(Há um momento em que isto se torna razoavelmente claro. Ele repete uma rábula de Louis CK, em que este diz estar contra a violação e só encontra uma razão para um homem violar alguém: “It’s when you want to fuck somebody and they don’t let you.” A piada de CK pretende sublinhar o egoísmo e a falta de empatia humana subjacentes à violação; na versão de Araújo Pereira, o palavrão desaparece: “Eu apreciaria ter um orgasmo dentro desta senhora e ela não deixa”, diz ele, improvisando, com voz de popular de Viana de Castelo. A sua versão tem imensa graça — mas já é outra piada, não pior, apenas outra. A violência da piada original dá lugar ao ridículo do tom de voz — onde CK esmaga, Araújo Pereira ridiculariza. Um é americano; o outro é português. Por mail, Ricardo diz: “Não tenho nada contra palavrões, muito menos contra palavrões no humor. Mas há um lado de facilidade que me aborrece, porque sei que se chegar ao palco e disser ‘foda-se’, obterei uma gargalhada. É um pouco como jogar ténis com a rede em baixo.” O que há de interessante nisto é que esta é a mesma justificação de Seinfeld para não usar palavrões.)

Quinze anos depois de ter começado, Ricardo continua a fazer humor “por razões um pouco egoístas: gosto de ver o que acontece quando faço rir; e pagam-me, o que é agradável”.

Mas há outra paga, e essa “é a pressão” que sente cada vez que se senta para escrever. “Dou por mim a pensar ‘Aquilo que fiz foi falado, caiu no discurso popular, etc.’, há uma manchete em que se lê ‘Diz que é um orçamento’. E agora?”, confessa o humorista. “Tenho de fazer uma coisa que tem de produzir o mesmo efeito”, admite.

Os tempos mudaram e hoje em dia, diz, sente “que a incapacidade de rir está a aumentar”. As redes sociais, aponta, “talvez potenciem isso: uma horda de pessoas que têm poder só com uma espécie de shaming”. Falamos do caso de Justine Sacco, uma relações públicas que fez uma piada no Twitter antes de entrar no avião e quando saiu tinha perdido o emprego porque a sua empresa cedeu à opinião daqueles que a atacaram em resposta ao seu tweet. Falamos de como os jornais cederam às galerias de gatinhos. Há um novo mundo aí, com “uma compulsão para a literalidade”, e esse mundo não lhe agrada muito.

Voltando aos mails que trocámos (desculpa, juventude, mas nenhum de nós tem Snapchat). Pedi-lhe uma lista de humoristas de que gostasse e uma lista de humoristas que fossem uma influência (muito imaginativo, sei bem), e Ricardo teve a simpatia de aquiescer. Na primeira inclui-se gente como Tina Fey e Ricky Gervais ou Bo Burnham, Tig Notaro, Seth MacFarlane, Simon Rich, Dan Guterman e Sarah Silverman.

Mas a segunda lista, composta apenas por Groucho Marx e Woody Allen, é mais interessante, por conta da explicação, que deixo aqui na íntegra.

“Num livro chamado The Road to Mars, Eric Idle divide vários humoristas conhecidos em dois grupos: em traços gerais, aquilo a que costumamos chamar o palhaço rico e o palhaço pobre. O primeiro é mais contido e cerebral, o segundo mais histriónico e irracional. O primeiro, diz Idle, representa a mente; o segundo, o corpo. O primeiro recorda-nos a presença constante da morte, e o segundo não nos deixa esquecer os aspectos menos nobres do corpo humano. Buster Keaton, Jerry Seinfeld e John Cleese pertencem ao primeiro grupo; Jerry Lewis, Robin Williams e Harpo Marx, ao segundo. Mas há um certo tipo de humorista que resiste a ser incluído em qualquer das categorias anteriores, uma vez que não pertence a nenhuma — ou pertence a ambas. Woody Allen e Groucho Marx integram esse terceiro grupo, mais restrito, de humoristas que parecem palhaços pobres na aparência (ou na pose, ou no tom) e palhaços ricos na substância.”

Presumo que o esforço de Araújo Pereira vai no sentido de ascender a esse terceiro grupo; desconfio que ele rejeitaria ser comparado com eles (até porque é uma tarefa tremendamente ingrata) e continuaria a dizer que teve sorte e que trabalhou muito.

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