Petição contesta dicas para esconder hematomas dadas por TV marroquina

Uma esteticista e uma mulher com agressões fingidas ensinaram a esconder hematomas e golpes infligidos pelos parceiros. Canal de televisão marroquino retirou o vídeo e pediu "sinceras desculpas", mas petição exige sanções

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O canal marroquino 2M comprometeu-se a tomar medidas contra os responsáveis ??pela transmissão DR

Na semana passada, o programa da manhã Sabahiyat, do canal 2M, em Marrocos, teve uma edição especial para comemorar o Dia Internacional Contra a Violência de Género e preparou para as suas espectadoras, vítimas de violência doméstica, uma espécie de tutorial de como esconder os hematomas e golpes infligidos pelos seus parceiros.

O programa, retirado do ar, e que o P3 aqui recupera, mostra uma esteticista profissional, acompanhada por uma mulher com agressões fingidas. "Hoje vamos falar sobre maquilhagem usada para esconder os vestígios de abuso", explica no início do vídeo. "É um assunto do qual não devemos falar, mas que lamentavelmente existe", completa a esteticista.

A indignação foi alastrando nas redes sociais e provocou um pedido de desculpas da estação de televisão na sua página de Facebook, enfatizando que o conteúdo tinha sido transmitido "em total contradição com a linha editorial do canal." Além disso, o 2M pediu "sinceras desculpas" pelo "erro de julgamento" e comprometeu-se a "tomar medidas contra os responsáveis ??pela transmissão". Mas a indignação não se ficou por aqui.

Foi entretanto lançada na plataforma Change a petição "Não disfarçar a violência doméstica com maquilhagem", no qual se exigem sanções contra o canal. Acompanhada pelo vídeo original, a denúncia é feita em nome das "mulheres marroquinas", das "activistas feministas em Marrocos" e "de todos os marroquinos".

Recorde-se que, em Julho, o ministro marroquino da Solidariedade e Mulheres, Basima Hakkaui, advertiu que a violência de género está a ganhar "dimensões muito preocupantes e graves" naquele país. Hakkaui explicou que a violência física ainda é a forma mais comum de agressão em Marrocos, algo que afecta particularmente as mulheres entre os 18 e os 45 anos.

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