Milhares de pessoas em homenagem a Fidel na Praça da Revolução

Memorial com fotografia e medalhas de Fidel recebe visita de milhares de pessoas. Cinzas irão em cortejo de mais de mil quilómetros de Havana até Santiago, berço da revolução de 1959.

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Membro do Governo de Cuba visita memorial em honra de Fidel Castro PEDRO PARDO/AFP
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Guarda de honra para homenagem a Fidel ENRIQUE DE LA OSA/Reuters
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Alguns dos visitantes choravam depois de apresentarem homenagem ENRIQUE DE LA OSA/Reuters
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Muitas pessoas esperaram horas para entrar no memorial ADALBERTO ROQUE/AFP
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Fila para a apresentação de condolências ENRIQUE DE LA OSA/Reuters
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RONALDO SCHEMIDT/AFP
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Muitos cubanos foram prestar homenagem a Fidel. Os dissidentes da ditadura, pelo seu lado, vão manter-se discretos nos nove dias de luto CARLOS BARRIA/Reuters

Centenas de milhares de cubanos juntaram-se nesta segunda-feira na praça de Revolução em Havana, palco de muitos dos intermináveis discursos de Fidel Castro, que morreu na sexta-feira com 90 anos.

Depois de terem ficado em casa nos últimos dois dias, muitos cubanos foram prestar homenagem ao pai da Revolução cubana, El Comandante – e que depois instaurou uma ditadura.

O regime, liderado desde 2006 pelo seu irmão, Raúl, decretou nove dias de luto nacional. Foram anulados espectáculos e jogos, as discotecas fecharam, foi proibida a venda de álcool, e depois de dias de homenagem na capital, as cinzas serão transferidas de Havana para Santiago, o berço da revolução, num cortejo de mais de mil quilómetros entre terça-feira e o próximo sábado.

Ao contrário do que era esperado, a urna com as cinzas de Fidel não foi levada até à Praça. No memorial estava antes uma fotografia antiga, a preto e branco, de Fidel ainda guerrilheiro, e um escaparate com as suas medalhas. Ordeiramente, as pessoas iam passando, tirando fotografias com telemóveis, algumas com lágrimas nos olhos.

O médico Alberto Gonzalez, de 63 anos, expressou algum desapontamento, mas logo desvalorizou: “Isso não é o essencial, o mais importante é estar aqui a prestar-lhe homenagem”, declarou à AFP.

“Cheguei aqui às 18h de ontem [domingo], não tenho palavras”, declarou Josefina Vayan Bravo, dona de casa de 44 anos, antes de rebentar num pranto, conta a AFP. “Não haverá outro como ele”, diz, também em lágrimas, Teresa Oquendo, 84 anos.

Do outro lado, os opositores ao regime decidiram manter-se discretos durante os nove dias de luto – não só por respeito mas também por medo de represálias. “Vamos manter a calma, apesar de ele [Fidel] ter sido o principal responsável pela miséria e a ausência de direitos políticos em Cuba”, disse à agência francesa José Daniel Ferrer, antigo preso político. Passando este período, “vamos continuar a combater o sistema que [Fidel] criou. É esse o nosso verdadeiro inimigo”, disse o dissidente histórico.

Putin não vai estar presente

Ainda nas ruas da capital, Yaneisi Lara, vendedora de rua de 36 anos, estava preocupada sobretudo com as relações entre Washington e Havana, disse à Reuters. O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu acabar com o acordo feito pelo Presidente Barack Obama caso Cuba não ofereça “um acordo melhor”, numa declaração esta segunda-feira no Twitter.

No dia em que aterrou em Havana um avião da American Airlines – o primeiro voo comercial directo entre os EUA e Cuba desde há mais de 50 anos, na rota Miami-Havana, seguido de outro da Jetblue de Nova Iorque para a capital cubana – é o futuro desta nova ligação que preocupa a vendedora: “Trump pode reverter e bloquear tudo o que está a acontecer, tudo o que Obama fez, e foi muito”.

Enquanto isso, esta terça-feira é o dia em que os dignitários estrangeiros poderão apresentar condolências em Havana.

O Kremlin informou que o Presidente russo, Vladimir Putin, não poderá estar presente  por estar a preparar um discurso importante, mas que o seu colaborador próximo e presidente da Duma, Viacheslav Volodin, liderará a delegação russa.

Vários países já anunciaram também que a representação não será feita por chefes de Estado, por exemplo o Japão, o Canadá (onde Justin Trudeau foi muito criticado pelo seu elogio a Fidel no Twitter), ou a Alemanha (representada pelo antigo chanceler Gerhard Schröder). De Portugal, irá participar na cerimónia o ministro-adjunto Eduardo Cabrita.

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